Reação do cérebro a estímulos emocionais: estudo revela complexidade além do 'lutar ou fugir'

Tempo de leitura: 2 minutos
Por Bia Chacu
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Cérebro com áreas de resposta emocional destacadas iluminadas.

São PauloUm estudo recente publicado na Nature Communications aprofundou nossa compreensão sobre como o cérebro reage a cenas emocionais. Pesquisadores do Trinity College Dublin, UC Berkeley, Universidade do Texas em Austin, Google e Universidade de Nevada Reno descobriram que o cérebro processa diferentes tipos de sinais emocionais de maneira mais complexa do que se pensava anteriormente. Essa descoberta oferece uma visão mais detalhada além das simples reações de "aproximar ou evitar".

Pesquisadores do Trinity College Dublin e do Google, liderados pela Prof. Sonia Bishop e Samy Abdel-Ghaffar, descobriram que uma parte do cérebro chamada córtex occipital temporal (COT) no fundo do cérebro é muito importante. Eles identificaram que o COT não apenas reage a diferentes tipos de estímulos, mas também é capaz de reconhecer emoções. Essa habilidade ajuda a direcionar nosso comportamento de maneiras específicas.

  • Retirar-se rapidamente ao encontrar um urso grande
  • Evitar contato próximo com um animal fraco e doente
  • Aproximar-se de um potencial parceiro de forma diferente do que se aproximaria de um filhote fofo

Pesquisadores investigaram a atividade cerebral de um pequeno grupo de voluntários que visualizaram mais de 1.500 imagens mostrando cenas emocionais variadas, como um casal se abraçando, uma pessoa ferida, uma casa luxuosa e um cachorro agressivo. Os participantes classificaram essas imagens como positivas, negativas ou neutras e avaliaram a intensidade das emoções. Outro grupo indicou as melhores ações para cada cena.

Eles utilizaram a Modelagem Voxel-Wise para estudar de perto a atividade cerebral. Essa técnica emprega aprendizado de máquina, grandes volumes de dados e modelos de codificação para descobrir a função de cada parte do Córtex Temporal Occipital (OTC). Com isso, os pesquisadores puderam entender melhor como o cérebro processa categorias e emoções em cenas.

O estudo revelou que diferentes partes do OTC processam tanto o tipo de imagem quanto o seu valor emocional. Isso significa que o cérebro consegue diferenciar, por exemplo, rostos felizes e tristes com o mesmo nível de excitação, colocando-os em áreas distintas. Essa capacidade do OTC ajuda a prever com mais precisão como as pessoas reagirão a essas imagens do que apenas analisando os detalhes visuais.

Esta pesquisa pode nos ajudar a compreender como pessoas com diferentes condições cerebrais ou de saúde mental reagem às emoções. Utiliza tarefas simples, permitindo sua aplicação em mais estudos com pacientes.

Samy Abdel-Ghaffar do Google explicou que eles utilizaram técnicas avançadas de modelagem e aprendizado de máquina para analisar como diferentes tipos de cenas e emoções são representados juntos. Isso pode ajudar a compreender melhor como certas áreas do cérebro predizem comportamentos.

O professor Bishop afirmou que esses achados aumentam nossa compreensão sobre como o cérebro humano processa as emoções e explicam por que agimos de maneiras diferentes em diversas situações emocionais.

Este estudo revela que as emoções humanas vão além de reações básicas como se aproximar ou evitar algo. O cérebro processa emoções de maneira complexa, o que pode nos ajudar a compreender e responder melhor a elas. Esse conhecimento pode levar à criação de novas formas de tratar problemas de saúde mental e entender o comportamento humano em várias situações emocionais.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s41467-024-49073-8

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Samy A. Abdel-Ghaffar, Alexander G. Huth, Mark D. Lescroart, Dustin Stansbury, Jack L. Gallant, Sonia J. Bishop. Occipital-temporal cortical tuning to semantic and affective features of natural images predicts associated behavioral responses. Nature Communications, 2024; 15 (1) DOI: 10.1038/s41467-024-49073-8
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