Semente antiga revela evolução da dispersão pelo vento
São PauloCientistas descobriram recentemente como as plantas primitivas dispersavam suas sementes pelo vento. Eles encontraram uma semente fossilizada do período Devoniano Tardio, datada entre 360 e 385 milhões de anos. Essa semente, chamada Alasemenia, é um dos exemplos mais antigos de plantas usando o vento para espalhar suas sementes. Plantas primitivas como a Alasemenia foram importantes pois representaram uma mudança da reprodução por esporos, como a das musgos e samambaias, para a reprodução com sementes.
Alasemenia se diferencia de outras sementes do Devoniano por possuir três asas, enquanto sementes como Warstenia e Guazia têm quatro. Pesquisadores utilizaram modelos matemáticos para demonstrar que as três asas de Alasemenia provavelmente giravam bem e facilitavam o aproveitamento do vento, permitindo que viajasse maiores distâncias. Esse achado sugere que ter um número incomum de asas pode ter sido vantajoso para a dispersão das sementes pelo vento.
Estratégias de dispersão pelo vento se concentram em características essenciais, como sementes leves que podem viajar com facilidade, estruturas que ajudam as sementes a planar ou girar no ar, e sementes que são liberadas no momento certo para aumentar as chances de se espalharem.
- Plantas rodopiantes
- Sementes flutuantes (por exemplo, dente-de-leão e algodoeiro)
- Sementes aladas (como as de bordo)
O projeto da Alasemenia indica que pode ter sido uma das primeiras plantas a disseminar sementes pelo vento, antes mesmo do desenvolvimento de métodos como paraquedas ou penachos. Esse mecanismo de dispersão permite às plantas reduzir a competição com suas próprias crias e favorecer o crescimento das sementes em novas áreas.
Fóssil Descoberto na China Revela Adaptabilidade das Sementes ao Vento
O fóssil encontrado na mina de Jianchuan, na China, não possui um cupule, diferentemente de muitas sementes do período Devoniano. Essa ausência sugere que a semente se adaptou para se dispersar pelo vento em vez de pela água ou outros métodos. As asas da semente se desenvolvem a partir de seu revestimento, mostrando como as plantas antigas podem ter modificado suas partes reprodutivas para utilizar o vento na disseminação de sementes.
Este estudo não apenas nos ajuda a compreender o passado, mas também revela como as plantas enfrentaram desafios ambientais ao longo do tempo. Enquanto os ecossistemas atuais passam por mudanças, conhecer essas antigas adaptações pode nos auxiliar a entender como as plantas poderão se adaptar e sobreviver às mudanças climáticas atuais e futuras.
O estudo é publicado aqui:
http://dx.doi.org/10.7554/eLife.92962e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é
Le Liu, Jiangnan Yang, Deming Wang, Yi Zhou, Peng Xu, Min Qin, Pu Huang. Alasemenia, the earliest ovule with three wings and without cupule. eLife, 2024; 13 DOI: 10.7554/eLife.92962Compartilhar este artigo