Descoberta acidental melhora terapia com células T contra o câncer

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Por João Silva
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Microscópio com células T luminosas atacando células cancerígenas

São PauloPesquisadores avançam no tratamento do câncer. Dan Cappabianca e Krishanu Saha, cientistas do Wisconsin Institute for Discovery, descobriram uma nova forma de aprimorar a terapia CAR T-cell. Os resultados foram publicados na revista Molecular Therapy — Methods & Clinical Development.

A terapia com células CAR-T utiliza o sistema imunológico do corpo para combater o câncer. Ela é bastante eficaz contra cânceres no sangue, mas não tanto contra tumores sólidos. Os pesquisadores, de forma acidental, descobriram uma maneira mais eficiente. Eles estavam testando duas soluções de crescimento celular com nutrientes diferentes quando Cappabianca colocou as células na solução errada, o que acabou sendo crucial para a pesquisa deles.

Linfócitos T são um tipo de célula branca que auxilia o sistema imunológico. Cientistas podem usar CRISPR/Cas9 para modificar linfócitos T, permitindo que localizem e destruam células cancerígenas. Essas alterações ajudam os linfócitos T a focar e combater tumores específicos. Para prepará-los, os linfócitos T precisam ser cultivados em laboratório.

Pesquisadores começam colocando células T em um ambiente com poucos nutrientes, quase sem glicose e glutamina. Isso estressa as células e desencadeia processos que as ajudam a melhor atacar tumores. Em seguida, as células são transferidas para um ambiente rico em nutrientes para crescerem e se multiplicarem rapidamente. Essa abordagem em duas etapas melhora sua capacidade de agir como células-tronco e destruir células cancerígenas.

Principais aspectos do novo método:

  • Ambiente com poucos nutrientes estressa as células
  • Ambiente rico em nutrientes promove crescimento rápido
  • As células apresentam melhor capacidade de direcionamento a tumores
  • As células mantêm características semelhantes a células-tronco
  • As células sobrevivem por mais tempo no corpo

Um curto período de restrição de açúcar, como uma dieta cetogênica de três dias, faz com que as células T fiquem menos maduras, diz Cappabianca. Essas células T menos maduras permanecem mais tempo no corpo e continuam combatendo o câncer por um período prolongado.

O processo em duas etapas torna as células T mais eficazes em lembrar do câncer, ajudando-as a combater a doença por mais tempo. Em estudos, 63% dos pacientes tiveram redução parcial ou total dos tumores com esse método. Isso representa uma melhora em relação a testes anteriores, onde apenas 15% dos pacientes obtiveram os mesmos resultados.

Cientistas precisam aprofundar seus estudos para entender por que essas células CAR-T têm maior durabilidade e são mais eficazes contra tumores sólidos. O objetivo é ajustar o processo para possibilitar uma produção em larga escala. Pesquisadores esperam tratar mais pacientes nos próximos anos.

Saha mencionou que o achado afortunado o fez lembrar da observação de Louis Pasteur de que apenas aqueles que estão preparados podem aproveitar os eventos fortuitos. Esta mudança inesperada no meio deles abriu um novo caminho para suas pesquisas.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1016/j.omtm.2024.101249

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Dan Cappabianca, Dan Pham, Matthew H. Forsberg, Madison Bugel, Anna Tommasi, Anthony Lauer, Jolanta Vidugiriene, Brookelyn Hrdlicka, Alexandria McHale, Quaovi H. Sodji, Melissa C. Skala, Christian M. Capitini, Krishanu Saha. Metabolic priming of GD2 TRAC-CAR T cells during manufacturing promotes memory phenotypes while enhancing persistence. Molecular Therapy - Methods & Clinical Development, 2024; 32 (2): 101249 DOI: 10.1016/j.omtm.2024.101249
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