Um mercado de conservação pode incentivar a proteção global dos oceanos

Tempo de leitura: 3 minutos
Por Chi Silva
- em
Oceano azul com uma área de conservação demarcada em 30%.

São PauloDiversos países ao redor do mundo reconheceram a urgência de proteger o nosso planeta das atividades humanas prejudiciais. Em resposta a várias ameaças ambientais, estabeleceram a meta de conservar 30% da Terra até 2030, conhecida como a iniciativa 30x30. No entanto, os altos custos de implementação desse plano frequentemente diminuem até os esforços mais genuínos. Pesquisadores da UC Santa Barbara sugeriram uma solução baseada no mercado para alcançar as metas de conservação dos oceanos da iniciativa 30x30.

Pesquisadores testaram um sistema onde países poderiam negociar créditos de conservação e descobriram que isso poderia reduzir os custos e incentivar as nações a alcançarem suas metas. O comércio voluntário frequentemente diminuiu os custos de conservação, às vezes em mais de 90%. Este estudo, publicado na revista Science, é o primeiro a projetar e examinar um mercado de conservação voltado para alcançar as metas de 30x30 nos oceanos.

Fatos importantes sobre a iniciativa 30x30:

  • Parte da Convenção sobre Diversidade Biológica.
  • Meta nº 3 do Marco Global da Biodiversidade (GBF).
  • Adotado por 196 países na Conferência da ONU sobre Biodiversidade em 2022.
  • Objetiva proteger 30% das áreas terrestres, de água doce, costeiras e marinhas globais até 2030.

O plano exige que os países estabeleçam metas de proteção, mas não especifica quais áreas devem ser protegidas, como garantir a inclusão de todos ou como arcar com os custos. Juan Carlos Villaseñor-Derbez, um dos coautores, disse que muitos países queriam proteger áreas marinhas, mas os altos custos representavam um grande obstáculo.

O Professor Christopher Costello, líder do emLab, afirmou que cada país deve proteger parte de seu habitat marinho. Contudo, diferentemente de outras normas, esta permite que os países troquem essas responsabilidades entre si, respeitando limites ecológicos rigorosos. Por exemplo, nações que enfrentam altos custos para a conservação podem pagar para que outras realizem mais atividades de preservação.

Costello, Villaseñor-Derbez e o Professor Andrew Plantinga desenvolveram um modelo para estimar as economias e benefícios de um mercado de conservação marinha. Eles analisaram dados de 23.699 espécies marinhas e receitas de pescarias para criar planos de conservação para países costeiros. Além disso, estabeleceram regras que permitiam aos países negociarem créditos de conservação apenas com nações vizinhas, garantindo esforços de conservação justos em diferentes áreas marinhas.

O estudo identificou cinco políticas para permitir o comércio entre diferentes regiões, como hemisférios, reinos biogeográficos, províncias, ecorregiões ou globalmente. Em todos os casos, o comércio reduziu os custos de conservação entre 37,4% e 98%. A maior economia foi observada em um mercado global, mas essa abordagem corria o risco de negligenciar alguns habitats. Para resolver isso, a equipe introduziu bolhas de comércio.

Permitir o comércio ajuda os países a decidirem se protegem suas próprias águas ou colaboram com países vizinhos gastando menos. Essa flexibilidade é benéfica tanto para compradores quanto para vendedores. Um país pode atingir seus objetivos sozinho ou utilizar o comércio para economizar.

Algumas pessoas temem que países ricos possam transferir suas responsabilidades para países mais pobres. No entanto, Plantinga afirmou que todos os acordos são voluntários. Os países vendem recursos apenas se isso for vantajoso para eles. Esse sistema permite que países mais pobres equilibrem suas necessidades financeiras com os custos de conservação. Também pode incentivar os países a restaurar habitats.

Este método oferece pagamentos diretos para a proteção dos ambientes marinhos, o que é raro atualmente. A redução de despesas incentiva as pessoas a agir, e o dinheiro economizado pode ser direcionado para outros problemas importantes.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1126/science.adl4019

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Juan Carlos Villasenor-Derbez, Christopher Costello, Andrew J. Plantinga. A market for 30x30 in the ocean. Science, 2024; 384 (6701): 1177 DOI: 10.1126/science.adl4019
Ciência: Últimas notícias
Leia mais:

Compartilhar este artigo

Comentários (0)

Publicar um comentário