O que fósseis revelam sobre mudanças climáticas e o futuro da Terra

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Por Bia Chacu
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Pequenas conchas fósseis com dados de temperatura e nível de CO2.

São PauloEntre 59 e 51 milhões de anos atrás, a Terra passou por um aquecimento significativo durante a transição dos períodos Paleoceno e Eoceno. Esse aquecimento foi causado por grandes liberações de dióxido de carbono (CO2) e outros gases de efeito estufa, além da atividade tectônica. Cientistas da Universidade de Utah agora conectaram as temperaturas da superfície do mar aos níveis de CO2 na atmosfera daquela época. Essas descobertas são importantes para compreender como as atividades humanas podem afetar as mudanças climáticas futuras.

Os cientistas analisaram pequenos fósseis de amostras obtidas através de perfurações oceânicas para compreender as temperaturas do mar e os níveis de CO2 atmosférico nos últimos 6 milhões de anos. Eles examinaram dois períodos de aquecimento significativo: o Máximo Térmico do Paleoceno-Eoceno (PETM) e o Máximo Térmico Eoceno 2 (ETM-2). Os resultados mostram uma forte correlação entre níveis elevados de CO2 e o aumento das temperaturas globais.

Principais conclusões deste estudo são:

  • Forte correlação entre níveis atmosféricos de CO2 e temperaturas globais
  • Sensibilidades climáticas consistentes ao longo de diferentes períodos
  • Emissões modernas de CO2 mais rápidas em comparação a eventos antigos

Cientistas estudam pequenos organismos chamados foraminíferos, que possuem conchas. Essas conchas contêm isótopos de boro, os quais auxiliam na estimativa dos antigos níveis de CO2 na água do mar. Ao analisar o boro presente nessas conchas, os pesquisadores conseguem obter informações sobre as condições antigas do CO2 na água do mar e na atmosfera.

As atividades humanas atuais estão liberando carbono em um ritmo muito mais rápido do que eventos antigos que causaram aquecimento global. Embora a quantidade total de carbono liberado seja semelhante, a rápida liberação das emissões modernas pode desencadear problemas climáticos inesperados. Estudos de períodos antigos nos ajudam a entender o que pode acontecer no futuro.

Esta pesquisa demonstra que o clima da Terra é altamente sensível às variações nos níveis de CO2, independentemente de sua origem. Embora o grau exato de sensibilidade possa diferir, o impacto global continua sendo significativo. Os resultados sugerem que nosso atual trajeto pode se assemelhar aos piores eventos de aquecimento da antiguidade.

O Planalto Shatsky, uma vasta área submersa no Pacífico Norte, forneceu fósseis valiosos para este estudo. Como as conchas de carbonato se degradam nas profundezas do oceano, os cientistas tiveram que procurar em áreas mais rasas onde elas permanecem intactas. Os sedimentos do Planalto Shatsky oferecem um registro crucial das condições antigas da superfície do mar.

Estudar eventos climáticos passados ajuda os cientistas a aprimorar modelos que prevêem mudanças climáticas futuras. Com o aumento rápido das emissões de gases de efeito estufa, esses estudos fornecem informações cruciais sobre os efeitos de longo prazo no clima da Terra.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1073/pnas.2318779121

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Dustin T. Harper, Bärbel Hönisch, Gabriel J. Bowen, Richard E. Zeebe, Laura L. Haynes, Donald E. Penman, James C. Zachos. Long- and short-term coupling of sea surface temperature and atmospheric CO 2 during the late Paleocene and early Eocene. Proceedings of the National Academy of Sciences, 2024; 121 (36) DOI: 10.1073/pnas.2318779121
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