Revelando preconceitos: a falta de diversidade nos ensaios clínicos

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Por Chi Silva
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Gráfico de representação de estudos médicos com lacuna de diversidade destacada.

São PauloEstudo revela exclusão de pessoas negras e mulheres brancas em pesquisas médicas

Um estudo recente da Universidade Estadual de Michigan revelou que pessoas negras e mulheres brancas muitas vezes são excluídas de importantes pesquisas médicas. Essas pesquisas, conhecidas como ensaios clínicos randomizados, são cruciais para testar novos tratamentos. A pesquisa, publicada no Journal of Ethnicity in Substance Abuse, analisou 18 ensaios dos últimos 15 anos focados em tratamentos para transtorno de estresse pós-traumático e uso de álcool.

As principais descobertas incluem:

  • A maioria dos participantes era branca (59,5%) e masculina (cerca de 78%).
  • As mulheres têm o dobro das taxas de transtorno de estresse pós-traumático e de uso de álcool em comparação com os homens.
  • Pessoas de cor sofrem com uma cronicidade pior do que indivíduos brancos.

Mulheres e pessoas de cor ainda são sub-representadas. Nicole Buchanan, professora do Departamento de Psicologia da MSU e coautora do estudo, afirma que os RCTs são considerados os melhores para estudos de tratamento e testes de medicamentos. No entanto, raramente se questiona suas limitações e problemas.

Buchanan afirmou que os ensaios ocorreram em locais onde a maioria das pessoas eram homens brancos. Por isso, as amostras do estudo geralmente refletiam a população local. Além disso, os pesquisadores raramente levavam em conta raça ou gênero, o que significava que não buscavam deliberadamente uma diversidade de participantes. Os periódicos que publicavam esses estudos não exigiam que as amostras fossem diversas ou incluíssem diferentes grupos conforme a necessidade do estudo.

Mallet Reid, candidato a doutorado no Departamento de Psicologia da MSU e coautor do estudo, explicou que grupos marginalizados possuem experiências distintas das de grupos privilegiados. Quando a pesquisa não inclui adequadamente esses grupos, perdemos suas vivências, insights, necessidades e pontos fortes. Essa falta de diversidade faz com que clínicos e pesquisadores não compreendam os problemas de trauma e dependência que esses grupos enfrentam. Além disso, podem fazer comentários tendenciosos sem querer ou deixar de atender suas necessidades nos contextos clínicos.

Os ensaios clínicos frequentemente não incluem todas as populações, evidenciando um viés nas pesquisas. Para melhorar os ECR (Ensaios Clínicos Randomizados), os pesquisadores devem tornar esses estudos mais acessíveis a todos. Eles podem criar estudos que busquem recrutar pessoas de diversas origens e incentivar as revistas científicas a estabelecer regras de diversidade. Solucionar esses problemas é crucial para alcançar progresso científico que beneficie a todos.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1080/15332640.2024.2367240

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Mallet R. Reid, Nicole T. Buchanan. Systemic biases promoting the under-inclusion of marginalized groups in randomized controlled trials for co-occurring alcohol use and posttraumatic stress disorder: an intersectional analysis. Journal of Ethnicity in Substance Abuse, 2024; 1 DOI: 10.1080/15332640.2024.2367240
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