Conexão cérebro-rins: aumento do risco de demência após lesão renal aguda

Tempo de leitura: 2 minutos
Por Bia Chacu
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Conexão entre rins e cérebro destaca risco de demência.

São PauloA lesão renal aguda (LRA) é conhecida por afetar gravemente a função dos rins. Pesquisas recentes do Karolinska Institutet e parceiros revelaram outra consequência séria: um risco aumentado de demência. O estudo, publicado na revista Neurology, analisou dados de mais de 300.000 pessoas com 65 anos ou mais do projeto SCREAM (Stockholm CREAtinine Measurement).

Principais Resultados do Estudo:

  • Um em cada quatro participantes teve pelo menos um episódio de LRA ao longo de um acompanhamento médio de 12 anos.
  • 16% dos participantes foram diagnosticados com demência.
  • Os indivíduos que sofreram de LRA apresentaram um risco 49% maior de desenvolver qualquer tipo de demência.
  • O risco foi 88% maior para demência de corpos de Lewy ou demência associada ao Parkinson, 47% para demência vascular e 31% para a doença de Alzheimer especificamente.
  • O aumento do risco foi mais acentuado em indivíduos que necessitaram de hospitalização devido a danos renais graves.

Esses resultados são extremamente relevantes. Após um episódio de LRA, a preocupação habitual tem sido a recuperação renal e problemas cardíacos. No entanto, este estudo revela que os médicos também precisam considerar questões cerebrais a longo prazo. Visto que quase um em cada quatro idosos sofre um episódio de LRA e quase metade deles tem maior risco de demência, é necessário mudar a maneira como cuidamos dos pacientes após LRA.

Aqui estão algumas ações possíveis que podemos tomar:

  1. Realizar uma verificação mais detalhada de problemas de memória e cognição em pessoas que tiveram LRA.
  2. Utilizar tratamentos e medicamentos que protejam o cérebro logo após um evento de LRA.
  3. Incentivar mudanças no estilo de vida, como alimentação saudável e exercício, para apoiar a saúde dos rins e do cérebro.

Cientistas ainda precisam compreender a conexão entre a lesão renal aguda (AKI) e a demência. Algumas possíveis explicações incluem inflamação sistêmica, danos causados por moléculas prejudiciais e o acúmulo de toxinas no sangue. Esses problemas podem comprometer a barreira protetora do cérebro e resultar em inflamação cerebral.

O estudo ressalta a necessidade de colaboração entre diversas áreas médicas, como saúde renal, saúde cerebral e cuidados com idosos. Esse trabalho integrado busca compreender e reduzir melhor os riscos. Pesquisas contínuas investigarão essas conexões e como diferentes tratamentos podem ajudar, oferecendo esperança para estratégias melhores de cuidado ao paciente.

O impacto na sociedade é evidente. Com o aumento da longevidade, mais pessoas terão IRA e, posteriormente, demência. Precisamos urgentemente de planos de saúde pública para enfrentar esses desafios. Boas práticas de prevenção e cuidado podem reduzir os custos com saúde e melhorar a qualidade de vida de muitos.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1212/WNL.0000000000209751

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Hong Xu, Maria Eriksdotter, Sara Garcia-Ptacek, Daniel Ferreira, Dongze Ji, Annette Bruchfeld, Yang Xu, Juan J. Carrero. Acute Kidney Injury and Its Association With Dementia and Specific Dementia Types. Neurology, 2024; 103 (6) DOI: 10.1212/WNL.0000000000209751
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