Solidão amplifica ansiedade em adolescentes, mesmo com conexões digitais, aponta estudo de Cambridge

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Por João Silva
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Quarto escuro com telefone brilhante e figuras sombrias.

São PauloUm estudo realizado pela Universidade de Cambridge revelou que ficar sozinho pode aumentar significativamente a ansiedade em adolescentes entre 16 e 19 anos, mesmo quando eles utilizam redes sociais. Esses jovens sentiram-se mais ansiosos e alertas aos perigos potenciais após passarem várias horas sozinhos. O uso das redes sociais não ajudou a diminuir essas sensações. Isso indica que plataformas digitais têm capacidade limitada para lidar com solidão e ansiedade.

O estudo contou com duas sessões de isolamento para cada participante, com as seguintes condições:

  • Em uma das sessões, o uso de smartphones, redes sociais, música e livros foi permitido.
  • Na outra sessão, não houve qualquer interação com o mundo exterior.

Os participantes se sentiram menos solitários ao usar redes sociais, mas seus níveis de ansiedade e estresse permaneceram elevados. Isso indica que as redes sociais podem aliviar a sensação de solidão momentaneamente, mas não solucionam problemas emocionais mais profundos.

Esta pesquisa é crucial devido à crescente preocupação global com a solidão entre adolescentes. O Cirurgião-Geral dos Estados Unidos descreveu a solidão e o isolamento como um problema generalizado. Os adolescentes, em especial, necessitam de conexões humanas autênticas à medida que crescem, descobrem sua identidade e aprendem a lidar com suas emoções.

Descobertas do estudo corroboram teorias evolutivas. Na história dos seres humanos, ter maior percepção dos perigos na infância pode ter sido crucial para a sobrevivência. Porém, no mundo moderno, esse mesmo estado de maior vigilância pode resultar em transtornos de ansiedade, que são atualmente comuns entre os jovens.

Isolamento pode impactar a saúde mental das pessoas, mesmo com acesso à internet. Embora as redes sociais ajudem na conexão entre indivíduos, elas não conseguem substituir completamente os encontros presenciais, que proporcionam uma profundidade emocional e uma comunicação mais complexa. Conversas em pessoa envolvem linguagem corporal e a presença física, aspectos que não estão presentes nas interações online.

Educadores, pais e formuladores de políticas precisam se atentar a essa questão. Desenvolver maneiras de estimular os adolescentes a interagir mais presencialmente pode reduzir sua ansiedade. Algumas sugestões incluem promover atividades que unam a comunidade e criar programas escolares que ensinem habilidades sociais.

Ferramentas digitais são vitais hoje em dia, mas não satisfazem completamente nossa necessidade fundamental de conexão com outras pessoas. Reduzir o tempo em frente à tela e passar mais tempo com outras pessoas pode ajudar as futuras gerações a serem mais saudáveis e menos ansiosas.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1098/rsos.240101

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

E. Towner, K. Thomas, L. Tomova, S-J. Blakemore. Increased threat learning after social isolation in human adolescents. Royal Society Open Science, 2024; 11 (11) DOI: 10.1098/rsos.240101
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