Nova técnica de edição genética corrige mutação da fibrose cística em células pulmonares humanas

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Por Bia Chacu
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Células pulmonares com processo de edição genética destacado ilustrado.

São PauloCientistas do Instituto Broad do MIT e de Harvard, juntamente com a Universidade de Iowa, desenvolveram um novo método de edição genética que pode ajudar no tratamento da fibrose cística. A fibrose cística é uma doença genética comum que faz com que o muco espesso se acumule nos pulmões, causando problemas respiratórios e infecções. Tratamentos atuais, como o Trikafta, melhoraram a qualidade de vida dos pacientes, mas podem apresentar efeitos colaterais como catarata e danos ao fígado, além de serem muito caros, custando cerca de $300.000 por ano.

Edição Prime: Promessa para Tratar a Fibrose Cística

A edição prime é uma técnica nova e precisa para modificar genes. Ela mostra potencial na correção da mutação comum que causa fibrose cística, especialmente no gene CFTR, que afeta 85% dos pacientes com a doença. Diferente de alguns métodos, a edição prime não necessita realizar cortes duplos na fita de DNA. Essa característica pode torná-la mais segura e eficaz.

Pesquisadores usaram a edição prime para corrigir a mutação da fibrose cística em células pulmonares humanas, restaurando a função celular para níveis semelhantes aos obtidos com o medicamento Trikafta. Esse método permite adicionar, remover ou alterar DNA e gera menos mudanças genéticas indesejadas em comparação com a técnica CRISPR/Cas9.

As mutações no gene CFTR causam fibrose cística ao comprometer a função dos canais de íons nas membranas celulares. A mutação mais comum é a deleção de três pares de bases, conhecida como deleção CTT. Essa deleção faz com que a proteína dobre de maneira incorreta e se degrade, prejudicando sua função normal.

A equipe liderada por David Liu no Instituto Broad fez seis modificações para aprimorar a edição prime. Eles melhoraram os RNAs guias que direcionam a edição, alteraram a proteína do editor prime e facilitaram o alcance ao local-alvo.

As melhorias aperfeiçoaram significativamente os resultados. Atingiram 60% de eficiência em células pulmonares humanas e 25% em células pulmonares de pacientes, um grande avanço em comparação com métodos anteriores que corrigiam menos de 1%. Além disso, o novo método provocou 3,5 vezes menos alterações indesejadas.

Para avançar, os pesquisadores precisam encontrar maneiras eficazes de entregar as ferramentas de edição prime. Isso significa que eles devem descobrir como introduzir essas ferramentas de edição genética nas vias aéreas de camundongos e humanos. Novas técnicas, como o uso de partículas lipídicas minúsculas que conseguem chegar aos pulmões de camundongos, mostram-se promissoras para acelerar o uso clínico.

A parte mais empolgante é a possibilidade de um tratamento definitivo para a fibrose cística. Atualmente, os pacientes precisam tomar medicamentos diariamente. Se métodos de edição genética como o prime editing funcionarem bem, eles podem diminuir a necessidade de tratamentos diários e reduzir os efeitos colaterais.

Edição Prime: Um Avanço na Terapia Genética

A edição prime representa um grande avanço para os tratamentos genéticos. Ela é mais precisa e possui menos efeitos colaterais que os métodos mais antigos. Contudo, devemos manter um otimismo cauteloso. O próximo desafio é aperfeiçoar a forma de administrar essa terapia no corpo. Se os cientistas conseguirem resolver isso, poderemos transformar o tratamento de doenças como a fibrose cística e outras condições genéticas, passando de tratamentos contínuos para possíveis curas.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s41551-024-01233-3

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Alexander A. Sousa, Colin Hemez, Lei Lei, Soumba Traore, Katarina Kulhankova, Gregory A. Newby, Jordan L. Doman, Keyede Oye, Smriti Pandey, Philip H. Karp, Paul B. McCray, David R. Liu. Systematic optimization of prime editing for the efficient functional correction of CFTR F508del in human airway epithelial cells. Nature Biomedical Engineering, 2024; DOI: 10.1038/s41551-024-01233-3
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