Novo estudo diz: medo de Darwin superado, fósseis ausentes não são grande problema

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Por Ana Silva
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Peças de quebra-cabeça de fósseis se encaixando e preenchendo lacunas evolutivas.

São PauloPesquisadores da Universidade de Utrecht e de outras instituições descobriram novas informações sobre fósseis e seu papel na compreensão da evolução. Normalmente, fósseis ausentes eram vistos como um problema. Muitos fósseis não são preservados ou são destruídos antes de serem encontrados, criando um conjunto de dados incompleto que preocupava cientistas como Charles Darwin, que temiam que isso nos impedisse de rastrear a evolução das espécies. Mas pesquisas recentes mostram que esses fósseis ausentes podem não ser um problema tão grande quanto se pensava anteriormente.

Os pesquisadores utilizaram modelos computacionais avançados para analisar como a ausência de fósseis impacta nossa compreensão da evolução. Eles descobriram diversos detalhes importantes.

  • Registros fósseis incompletos com lacunas regulares ainda podem fornecer insights valiosos sobre a evolução.
  • Lacunas irregulares e extensas introduzem vieses significativos.
  • O conhecimento geológico permite reconstruções precisas, mesmo com dados ausentes.

Niklas Hohmann, o líder do estudo, esclareceu que a regularidade das lacunas nos dados é mais crucial do que a quantidade de informações ausentes. Se essas lacunas seguem um padrão, mesmo registros incompletos podem nos ajudar a entender a história evolutiva. Essa descoberta contradiz a antiga crença de que a falta de dados prejudicaria significativamente nosso conhecimento sobre a evolução das espécies ao longo de milhões de anos.

A equipe analisou depósitos sedimentares e utilizou simulações de diferentes padrões evolutivos. Isso permitiu a eles entender como poderiam decifrar a evolução a partir de registros fósseis incompletos. Ao simular processos geológicos ao longo de períodos muito longos, observaram como as lacunas nos registros afetavam a precisão de suas descobertas.

Isso tem implicações significativas para a paleontologia e biologia evolutiva. Primeiro, significa que os pesquisadores podem confiar mais no registro fóssil, mesmo que tenha algumas falhas. Segundo, demonstra que a teoria de Darwin é forte e confiável. Devido a essa robustez, os cientistas podem continuar utilizando os dados fósseis para compreender o ritmo e o processo da evolução.

Compreender por que e onde existem lacunas em nossos dados pode aprimorar nossos modelos em biologia evolutiva. Isso nos ajuda a inferir quais informações podem estar faltando e a atualizar nossos modelos. Dessa forma, conseguimos entender melhor como a evolução funciona e preencher essas lacunas de conhecimento, não ao encontrar novos fósseis, mas ao interpretar melhor os dados que já possuímos.

O estudo destaca como a combinação de diferentes métodos científicos, como sedimentologia, estratigrafia e simulações computacionais, pode levar a novas descobertas e desafiar ideias antigas. Essa abordagem também pode ser útil em outras áreas onde os dados frequentemente são incompletos, proporcionando uma melhor compreensão de eventos complexos do passado.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1186/s12862-024-02287-2

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Niklas Hohmann, Joël R. Koelewijn, Peter Burgess, Emilia Jarochowska. Identification of the mode of evolution in incomplete carbonate successions. BMC Ecology and Evolution, 2024; 24 (1) DOI: 10.1186/s12862-024-02287-2
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