Novo estudo revela avanço no combate à febre catarral maligna em bovinos
São PauloCientistas da Universidade de Liège descobriram informações importantes sobre uma doença chamada febre catarral maligna (FCM) em bovinos. Um novo estudo detalha como a doença se desenvolve e traz ideias de como combatê-la no futuro.
A febre catarral maligna é causada pelo alcelaphine gammaherpesvirus 1 (AlHV-1). Em gnus, esse vírus permanece sem causar sintomas e em estado latente, mas pode ser fatal para o gado. A equipe de pesquisa estudou como este vírus afeta o gado de maneira diferente e descobriu detalhes importantes.
- O vírus provoca uma expansão oligoclonal de linfócitos T CD8+ em bovinos.
- O gene viral A10 desempenha um papel crucial nesse processo.
- A fosforilação de A10 modifica o fenótipo dos linfócitos T, resultando em sua proliferação.
- Essas mudanças nos linfócitos T são essenciais para o desenvolvimento da MCF.
Benjamin Dewals, pesquisador e professor na Universidade de Liège, explicou que a equipe utilizou métodos avançados de sequenciamento de DNA para estudar células T CD8+ de vacas doentes e as compararam com vacas saudáveis. Isso permitiu compreender a variedade de células T e identificar quais genes celulares e virais estavam ativos durante a infecção.
Em 2013, pesquisadores descobriram que a MCF ocorre apenas se o AlHV-1 permanecer inativo em células T CD8+. Nesse estado inativo, o vírus replica seu DNA sem produzir novas partículas virais. O novo estudo revela que o gene A10 é fundamental para esse processo.
A doutoranda Meijiao Gong, autora principal do estudo publicado na PNAS, afirmou que a proteína A10 é fundamental para o desenvolvimento da MCF, sem impactar a replicação viral em culturas celulares. A fosforilação de A10 tem um efeito significativo sobre os linfócitos T, fazendo-os multiplicar e causar a doença.
Os novos achados sugerem vários desenvolvimentos promissores: compreender o papel do gene A10 pode levar a novos tratamentos direcionados especificamente a esse gene, mapeamentos detalhados da reprogramação de células T CD8+ oferecem mais insights sobre como o sistema imunológico do gado responde ao vírus, e há um forte potencial para a criação de uma vacina eficaz contra a MCF, capaz de proteger o gado dessa doença prejudicial.
O estudo possibilita um entendimento mais aprofundado de como e por que a febre catarral maligna é fatal para o gado. Ao identificar as ações do vírus e genes essenciais, os cientistas estão se aproximando de desenvolver métodos para prevenir e tratar esta doença em animais de criação.
Este estudo não apenas impacta a saúde do gado, mas também abre novas possibilidades para investigar como os herpesvírus causam crescimentos malignos em outros animais. Os resultados podem orientar estudos mais amplos sobre a permanência dos vírus no corpo e suas interações com o sistema imunológico.
O estudo é publicado aqui:
http://dx.doi.org/10.1073/pnas.1216531110e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é
Leonor Palmeira, Océane Sorel, Willem Van Campe, Christel Boudry, Stefan Roels, Françoise Myster, Anca Reschner, Pierre G. Coulie, Pierre Kerkhofs, Alain Vanderplasschen, Benjamin G. Dewals. An essential role for γ-herpesvirus latency-associated nuclear antigen homolog in an acute lymphoproliferative disease of cattle. Proceedings of the National Academy of Sciences, 2013; 110 (21) DOI: 10.1073/pnas.1216531110Compartilhar este artigo