Novo estudo revela que Alzheimer envolve mais do que apenas neurônios
São PauloEstudos recentes revelam um novo aspecto da doença de Alzheimer. Além dos neurônios, um tipo de célula glial chamada oligodendrócitos também desempenha um papel significativo no desenvolvimento da doença. O Alzheimer afeta cerca de 35 milhões de pessoas em todo o mundo e provoca principalmente perda de memória, confusão e problemas de fala. A doença é causada principalmente pelo acúmulo de proteína beta-amiloide em aglomerados insolúveis, que formam placas entre os neurônios e os danificam.
Pesquisadores do Instituto Max Planck de Ciências Multidisciplinares descobriram que células chamadas oligodendrócitos, além dos neurônios, produzem uma quantidade significativa de proteína beta-amiloide. Essa descoberta pode abrir caminho para novos tratamentos.
Principais Descobertas:
- Os neurônios são os principais produtores de amiloide beta.
- Os oligodendrócitos também contribuem para a produção de amiloide beta.
- A formação de placas está ligada à presença de amiloide beta nos neurônios.
- Reduzir a produção de amiloide beta nos oligodendrócitos pode diminuir a formação de placas em cerca de 30%.
- A eliminação do gene BACE1 nos neurônios reduz a formação de placas em mais de 95%.
A descoberta de que os oligodendrócitos ajudam a produzir beta-amiloide é muito significativa. Essas células são principalmente responsáveis por formar a mielina, uma camada que ajuda os sinais nervosos a se moverem mais rapidamente. Quando a mielina não funciona corretamente, isso agrava a doença de Alzheimer. Portanto, focar nos oligodendrócitos pode ser uma boa estratégia para reduzir o acúmulo de placas.
Cientistas utilizaram a microscopia de folha de luz 3D para obter uma visão detalhada das placas amiloides no cérebro. Eles bloquearam a enzima BACE1 tanto em neurônios quanto em oligodendrócitos de camundongos para observar os efeitos. Os resultados mostraram que a interrupção da atividade de BACE1 em oligodendrócitos resultou em menos placas, indicando a participação dessas células na doença de Alzheimer.
Pesquisas apontam que o dano causado pela beta-amiloide na doença de Alzheimer pode resultar de sua acumulação tanto em neurônios quanto em oligodendrócitos. Caso tratamentos consigam bloquear a enzima BACE1 antes que muita beta-amiloide se acumule, pode haver um atraso na formação de placas. Isso poderia desacelerar a progressão da doença, permitindo um tratamento antecipado e melhores resultados para os pacientes.
A doença de Alzheimer provoca perda de memória e dificuldade de raciocínio. Além disso, ela danifica a estrutura do cérebro e seu funcionamento. Estudos voltados para oligodendrócitos podem ajudar na proteção da mielina, o que poderia tratar diferentes aspectos da doença.
Expandir a pesquisa para incluir células gliais, além dos neurônios, pode abrir novas possibilidades de tratamento. Cientistas podem investigar se os astrócitos e a micróglia, outros tipos de células gliais, também desempenham um papel na doença de Alzheimer.
Pesquisas sobre como os oligodendrócitos contribuem para a produção de beta-amiloide estão revolucionando o estudo do Alzheimer. Elas mostram a importância de analisar todos os tipos de células cerebrais. Essa visão mais ampla pode levar a novos tratamentos e melhores resultados para os pacientes.
O estudo é publicado aqui:
http://dx.doi.org/10.1038/s41593-024-01730-3e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é
Andrew Octavian Sasmita, Constanze Depp, Taisiia Nazarenko, Ting Sun, Sophie B. Siems, Erinne Cherisse Ong, Yakum B. Nkeh, Carolin Böhler, Xuan Yu, Bastian Bues, Lisa Evangelista, Shuying Mao, Barbara Morgado, Zoe Wu, Torben Ruhwedel, Swati Subramanian, Friederike Börensen, Katharina Overhoff, Lena Spieth, Stefan A. Berghoff, Katherine Rose Sadleir, Robert Vassar, Simone Eggert, Sandra Goebbels, Takashi Saito, Takaomi Saido, Gesine Saher, Wiebke Möbius, Gonçalo Castelo-Branco, Hans-Wolfgang Klafki, Oliver Wirths, Jens Wiltfang, Sarah Jäkel, Riqiang Yan, Klaus-Armin Nave. Oligodendrocytes produce amyloid-β and contribute to plaque formation alongside neurons in Alzheimer’s disease model mice. Nature Neuroscience, 2024; DOI: 10.1038/s41593-024-01730-3Compartilhar este artigo