Novas descobertas sobre regiões cerebrais envolvidas na paranoia, segundo estudo de Yale

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Por Bia Chacu
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Regiões cerebrais destacadas, incluindo uma ilustração do tálamo mediodorsal.

São PauloCientistas de Yale descobriram novas informações sobre como o cérebro gera paranoia. O estudo deles compara dados de macacos com dados de humanos. Essa nova abordagem pode nos ajudar a entender o pensamento humano através do estudo de outros animais. As descobertas estão na edição de 13 de junho da revista Cell Reports.

Pesquisadores de Yale investigaram regiões específicas do cérebro associadas à paranoia, uma condição onde as pessoas acreditam que os outros querem prejudicá-las. A paranoia ocorre quando a capacidade do cérebro de alterar pensamentos sobre ações e resultados é comprometida. Essa habilidade de ajustar pensamentos é uma parte crucial do pensamento avançado.

Pesquisadores analisaram dados de diferentes laboratórios. Tanto humanos quanto macacos realizaram a mesma tarefa. A atividade avaliada verificava como eles reagiam às mudanças. Os participantes escolhiam entre três opções em uma tela, cada uma oferecendo diferentes probabilidades de recompensa. Eles recebiam recompensas com base nas suas escolhas e precisavam aprender a melhor opção experimentando diferentes alternativas. Às vezes, as probabilidades de recompensa mudavam sem aviso prévio, fazendo os participantes se ajustarem.

Principais descobertas do estudo incluem:

  • Macacos e humanos realizaram a mesma tarefa.
  • Ambos os conjuntos de dados foram analisados com o mesmo modelo computacional.
  • A tarefa envolvia selecionar opções para obter recompensas, com probabilidades mudando de forma inesperada.

Pesquisadores usaram um modelo computacional para estudar comportamentos. Essa ferramenta auxiliou na comparação de dados entre humanos e macacos. Em estudos anteriores, macacos apresentaram pequenas lesões em duas áreas cerebrais: o córtex orbitofrontal e o tálamo mediodorsal. O córtex orbitofrontal está envolvido na tomada de decisões relacionadas a recompensas. Já o tálamo mediodorsal envia informações sobre o ambiente para áreas do cérebro que são responsáveis pela tomada de decisões.

Algumas pessoas no estudo apresentaram altos níveis de paranoia. Os pesquisadores descobriram que danos em diferentes áreas do cérebro alteraram o comportamento dos macacos. Macacos com danos no córtex orbitofrontal continuavam escolhendo a mesma opção mesmo sem receber recompensas. Aqueles com danos no tálamo mediodorsal mudavam suas escolhas aleatoriamente e percebiam seu ambiente como muito imprevisível. Esse comportamento era semelhante ao de humanos altamente paranoicos.

As descobertas trazem novas informações sobre o cérebro humano. Elas indicam que o tálamo mediodorsal pode estar envolvido na paranoia. O estudo demonstra que é possível investigar comportamentos humanos complexos utilizando animais mais simples. Isso pode ajudar a aplicar pesquisas feitas com animais como ratos ou camundongos para entender o pensamento humano.

Este método nos ajudará a entender como os medicamentos para paranoia afetam o cérebro e poderá levar a novas formas de reduzir a paranoia nas pessoas.

Praveen Suthaharan, um estudante de pós-graduação, e Summer Thompson, uma pesquisadora de Yale, lideraram o estudo. Eles trabalharam com Jane Taylor, professora de psiquiatria na Escola de Medicina de Yale.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1016/j.celrep.2024.114355

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Praveen Suthaharan, Summer L. Thompson, Rosa A. Rossi-Goldthorpe, Peter H. Rudebeck, Mark E. Walton, Subhojit Chakraborty, Maryann P. Noonan, Vincent D. Costa, Elisabeth A. Murray, Christoph D. Mathys, Stephanie M. Groman, Anna S. Mitchell, Jane R. Taylor, Philip R. Corlett, Steve W.C. Chang. Lesions to the mediodorsal thalamus, but not orbitofrontal cortex, enhance volatility beliefs linked to paranoia. Cell Reports, 2024; 43 (6): 114355 DOI: 10.1016/j.celrep.2024.114355
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