Retiro glacial: fungos promovem armazenamento de carbono em novos solos do Ártico

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Por João Silva
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Fungos prosperando na emergente paisagem de solo ártico.

São PauloGeleiras no Ártico estão derretendo e revelando terras que estiveram cobertas por gelo por milhares de anos. Microrganismos rapidamente colonizam essas novas áreas descobertas, ajudando na formação do solo e no armazenamento de carbono.

Pesquisadores da LMU, liderados pelo Professor William Orsi, descobriram que leveduras desempenham um papel crucial nos processos relacionados a geleiras. Eles estudaram a área de degelo da geleira Midtre Lovénbreen em Spitsbergen, uma região onde as geleiras estão se retraindo rapidamente. A pesquisa foi financiada por várias organizações científicas, incluindo DFG, NERC e NSF.

Principais Descobertas Sobre Colonização Microbiana em Solos Expostos:

Micro-organismos como bactérias e fungos são os primeiros a habitar solos recentemente expostos. Esses micro-organismos influenciam a capacidade de armazenamento de carbono e nitrogênio dos solos jovens. Entre eles, os fungos, especialmente as leveduras basidiomicetas, são mais eficazes no armazenamento de carbono do que as bactérias. Além disso, solos mais próximos da margem das geleiras são mais jovens, enquanto aqueles mais distantes são mais antigos e desenvolvidos.

O estudo utilizou várias abordagens científicas. Os pesquisadores analisaram o DNA para identificar os tipos de micróbios presentes. Eles também mediram como o carbono e o nitrogênio se movimentavam através do sistema. Ao usar aminoácidos marcados, puderam observar como os micróbios absorviam e utilizavam o carbono orgânico.

A equipe descobriu que os fungos ajudam a estabilizar o carbono no solo nas fases iniciais. Esses fungos adicionam carbono orgânico que contribui para a formação do solo. Mais tarde, à medida que o solo envelhece, as bactérias tornam-se mais ativas e isso faz com que mais CO2 seja liberado do solo.

Orsi descreve que microrganismos regulam a quantidade de carbono e nitrogênio em solos jovens. Esses microrganismos nos ajudam a entender como novos solos se desenvolvem e quanto carbono podem armazenar.

As regiões árticas abrigam uma diversidade significativa de fungos, superando até mesmo a quantidade de plantas. Isso evidencia a importância dos fungos nesses ecossistemas. Um estudo realizado por Orsi, seu aluno Juan Carlos Trejos-Espeleta e o Dr. James Bradley foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

Bradley perfurou núcleos de gelo no local em 2013. Quando sua equipe retornou em 2021, perceberam que a geleira havia encolhido bastante, expondo solo nu. Testes no solo revelaram a presença de diferentes tipos de micróbios vivendo ali.

Glaciares em derretimento revelam a dinâmica da mudança do solo ao longo do tempo. O solo próximo ao glaciar é novo, enquanto o solo mais afastado possui mais vegetação, como musgos, líquens e flores.

O estudo ressalta o papel crucial que os fungos terão no armazenamento de carbono no futuro. Com o derretimento das geleiras do Ártico, mais terras estarão disponíveis para a colonização de microrganismos. Compreender como esses processos funcionam é essencial para entender como os ecossistemas árticos irão reagir às mudanças climáticas.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1073/pnas.2402689121

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Juan Carlos Trejos-Espeleta, Juan P. Marin-Jaramillo, Steven K. Schmidt, Pacifica Sommers, James A. Bradley, William D. Orsi. Principal role of fungi in soil carbon stabilization during early pedogenesis in the high Arctic. Proceedings of the National Academy of Sciences, 2024; 121 (28) DOI: 10.1073/pnas.2402689121
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