Estudo revela: duplicação de CO₂ pode aumentar temperatura global em até 14 graus

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Por Bia Chacu
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Derretimento das geleiras sob intensa luz solar com temperaturas em elevação.

São PauloUm novo estudo revela que um aumento duplo nos níveis de CO2 na atmosfera pode elevar a temperatura média da Terra em 7 a 14 graus Celsius. Pesquisadores do NIOZ e das Universidades de Utrecht e Bristol descobriram isso ao analisar sedimentos oceânicos. Suas descobertas foram publicadas na revista Nature Communications.

O estudo utilizou dados de um testemunho de perfuração retirado há 45 anos do Oceano Pacífico, próximo à Califórnia. Este testemunho fornece um registro contínuo dos últimos 18 milhões de anos. Os sedimentos permaneceram em grande parte intactos devido aos baixos níveis de oxigênio, o que ajudou a preservar uma maior quantidade de material orgânico.

Aqui estão quatro pontos principais do estudo:

  • A duplicação dos níveis de CO2 pode provocar um aumento de temperatura entre 7 e 14 graus Celsius.
  • Foi analisado um núcleo de perfuração de 45 anos do fundo do Oceano Pacífico.
  • O núcleo representa 18 milhões de anos de dados climáticos.
  • Os resultados indicam uma ligação mais forte entre CO2 e temperatura do que se estimava anteriormente.

Os pesquisadores investigaram as temperaturas antigas dos oceanos e os níveis de CO2 utilizando novos métodos. Eles aplicaram a técnica chamada método TEX 86, que examina substâncias presentes nas membranas das arqueias. Esses microrganismos alteram a composição de suas membranas com base na temperatura da água. Os pesquisadores analisaram esses restos moleculares a partir de sedimentos oceânicos.

Para descobrir níveis passados de CO2, a equipe analisou a composição química da clorofila e do colesterol em algas. Esse método nunca tinha sido usado antes para medir CO2 com precisão. As algas absorvem CO2 da água e preferem o isótopo de carbono mais leve, o 12C. Quando há menos CO2 disponível, elas utilizam mais o isótopo mais pesado, o 13C. A quantidade de 13C nessas substâncias ajuda a estimar os níveis passados de CO2 na água, que são então relacionados aos níveis de CO2 no ar.

O estudo revelou que os níveis de CO2 diminuíram de 650 partes por milhão (ppm) há 15 milhões de anos para 280 ppm pouco antes da revolução industrial. Ao comparar esses dados com os registros de temperatura, foi encontrada uma ligação clara entre os níveis de CO2 e a temperatura.

Há quinze milhões de anos, a temperatura média era superior a 18 graus Celsius, ou seja, 4 graus mais quente do que hoje. O painel climático da ONU (IPCC) prevê um aumento de temperatura similar até 2100 em seu cenário mais extremo. Esta pesquisa revela como pode ser nosso futuro se não controlarmos adequadamente as emissões de CO2.

Caitlyn Witkowski, a principal autora do estudo, destacou que o aumento de temperatura descoberto por sua equipe é muito superior aos 2,3 a 4,5 graus estimados pelo IPCC. Isso indica que o impacto do CO2 nas temperaturas pode ser maior do que pensávamos anteriormente.

Este estudo ressalta a necessidade de reduzir as emissões de CO2 e utilizar tecnologias para gerenciá-las. Os resultados proporcionam uma visão crucial sobre como as temperaturas futuras podem aumentar se os níveis de CO2 não forem controlados.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s41467-024-47676-9

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Caitlyn R. Witkowski, Anna S. von der Heydt, Paul J. Valdes, Marcel T. J. van der Meer, Stefan Schouten, Jaap S. Sinninghe Damst�. Continuous sterane and phytane δ13C record reveals a substantial pCO2 decline since the mid-Miocene. Nature Communications, 2024; 15 (1) DOI: 10.1038/s41467-024-47676-9
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