Viagem de AGs à França custeada por corporações gera polêmica ética

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Por Alex Morales
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Malas e sinais de dólar sobre um mapa da França.

São PauloCerca da metade dos procuradores-gerais dos estados dos EUA foi à França neste verão em uma viagem organizada por grupos financiados principalmente por empresas, algumas das quais sendo investigadas por esses mesmos advogados públicos. A Associação Nacional dos Procuradores-Gerais, também conhecida como AGA, foi co-anfitriã do evento. Detalhes específicos sobre a viagem não foram amplamente divulgados, mas um procurador-geral confirmou que ocorreu de 29 de julho a 3 de agosto.

A viagem foi planejada para celebrar os 80 anos do Dia D na Normandia, embora tenha ocorrido quase dois meses após a data original. Críticos estão preocupados com essas viagens por parecerem luxuosas e facilitarem o encontro entre lobistas da indústria e procuradores-gerais.

Pontos-chave sobre o financiamento e a organização:

  • Patrocinadores corporativos financiam essas viagens.
  • O dinheiro é direcionado através da AGA para blindar os promotores contra críticas.
  • Lobistas têm acesso a autoridades estaduais que regulam seus negócios.
  • Os patrocinadores geralmente incluem empresas farmacêuticas, automotivas, financeiras, de jogos online e de tecnologia.

Christopher Toth, ex-diretor executivo da AGA, explicou que quem arca com as despesas dessas viagens são os lobistas, o que ajuda os procuradores-gerais a evitarem críticas por aceitarem dinheiro diretamente dos lobistas ou utilizarem verbas públicas para custear suas viagens.

Recentemente, os procuradores-gerais estaduais têm assumido papéis mais importantes. Na década de 1990, uniram-se para processar a indústria do tabaco. Isso resultou em grandes processos e acordos relacionados a opioides, airbags defeituosos e outros problemas de consumo. Com isso, grandes escritórios de advocacia se interessaram por esses casos. Muitos agora possuem divisões que ajudam empresas sob investigação pelos procuradores-gerais estaduais. Essas divisões frequentemente contratam ex-procuradores-gerais ou seus assistentes.

AGA começou abordando problemas regionais, como recursos hídricos e comunidades indígenas. Ao longo do tempo, expandiu seu foco para cobrir mais temas. Em 2019, lançou a AGA nacionalmente.

AGA arrecadou e gastou cerca de US$ 10 milhões de julho de 2022 a junho de 2023, principalmente por meio de patrocínios. Um folheto da AGA de 2023 mostra que as empresas podem enviar mais representantes para eventos pagando mais. Por exemplo, contribuindo com US$ 20.000, uma empresa pode enviar três pessoas aos eventos durante o ano, enquanto que pagando US$ 150.000, permite enviar 30 pessoas.

Mais de 200 empresas patrocinaram essas viagens de diversas formas. Isso demonstra a forte influência dos negócios nesses eventos. Enquanto alguns acreditam que essas reuniões ajudam os Procuradores-Gerais (PGs) a entenderem as preocupações das indústrias, outros argumentam que é um meio para as empresas exercerem influência excessiva sobre os governantes estaduais.

A ética dessas viagens está sendo rigorosamente avaliada. A combinação de entretenimento corporativo com trabalho oficial levanta questões sobre justiça e influência. Considerando que os procuradores-gerais têm um histórico de abordar grandes questões da indústria, é fundamental garantir que suas ações não sejam influenciadas por pressões externas.

Viagens assim combinam regulamentação e negócios. A grande movimentação de dinheiro e a presença de grandes corporações ressaltam a necessidade de transparência e regras claras, especialmente porque essas empresas frequentemente estão sob a vigilância da lei.

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