Onda de calor histórica ameaça vida na Antártica e altera ecossistema

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Por Bia Chacu
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Derretimento das geleiras afetando os habitats e ecossistemas dos animais na Antártida.

São PauloPesquisas recentes indicam que ondas de calor extremo estão impactando cada vez mais a vida na Antártida. Em março de 2022, o continente registrou sua onda de calor mais intensa já documentada. As temperaturas em algumas áreas subiram mais de 38°C acima da média, resultando em derretimento inesperado até mesmo nos locais mais frios, como os Vales Secos de McMurdo.

Cientistas observaram grandes transformações no ecossistema da Antártica. Essas mudanças são particularmente cruciais para pequenos animais e bactérias que habitam em condições adversas. A seguir, os principais achados da pesquisa deles:

  • As temperaturas do ar nos Vales Secos de McMurdo subiram acima de zero durante a onda de calor, superando a média em 7°C.
  • O aquecimento rápido causou umidade inesperada no solo, o que é incomum para o seco período de março.
  • O subsequente e rápido recongelamento provavelmente perturbou os ciclos de vida de vários organismos.

Onda de calor provoca queda de 50% na população de Scottnema

A onda de calor levou a uma redução de 50% na população de Scottnema, um nematoide comum nos Vales Secos. Essas criaturas são adaptadas ao frio extremo e à seca, e o calor anormal fez com que consumissem a energia que normalmente economizam, colocando sua sobrevivência em risco.

Tardígrados, também conhecidos como ursos d'água, são criaturas microscópicas que conseguem sobreviver a condições extremas, desde temperaturas muito frias até muito quentes. Eles têm a capacidade de se adaptar rapidamente a mudanças no ambiente, o que pode facilitar seu aumento populacional em solo úmido. No entanto, isso pode desequilibrar o ecossistema, afetando fontes de alimento e ciclos de nutrientes.

Mudanças climáticas intensificam eventos climáticos extremos, afetando severamente o ecossistema antártico, que é extremamente sensível às variações de temperatura. Mesmo pequenas flutuações impactam grandes animais e sistemas globais. Em 2013, por exemplo, chuvas anormais causaram a morte de todos os filhotes de pinguins-de-adélia na Costa de Adélia.

A equipe da Universidade do Colorado Boulder continuará monitorando esses eventos. Suas pesquisas mostram que as mudanças na Antártida podem impactar várias regiões. Por exemplo, o derretimento das plataformas de gelo altera o volume de água nos oceanos, o que afeta os níveis do mar em todo o mundo.

É crucial estudar e compreender as mudanças climáticas. Com o agravamento das condições climáticas extremas causadas pelo aquecimento global, é necessário um monitoramento e análise detalhados. Isso nos permite observar os efeitos nos ecossistemas globais e planejar para possíveis impactos em nossas vidas.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1029/2023EF004306

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

J. E. Barrett, Byron J. Adams, Peter T. Doran, Hilary A. Dugan, Krista F. Myers, Mark R. Salvatore, Sarah N. Power, Meredith D. Snyder, Anna T. Wright, Michael N. Gooseff. Response of a Terrestrial Polar Ecosystem to the March 2022 Antarctic Weather Anomaly. Earth's Future, 2024; 12 (8) DOI: 10.1029/2023EF004306
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