Novo estudo revela mecanismo imune comum entre gravidez e câncer, abrindo portas para tratamentos.

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Por João Silva
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Células imunológicas com fundo de gravidez e células cancerígenas.

São PauloPesquisadores descobriram que a gravidez e o câncer apresentam uma resposta imunológica semelhante. Esta descoberta pode levar a novos tratamentos contra o câncer. Durante a gravidez, o sistema imunológico não ataca o feto, permitindo que ele cresça. Da mesma forma, alguns tipos de câncer conseguem escapar do sistema imunológico, o que lhes permite crescer sem serem eliminados.

Um grupo de cientistas do Centro de Câncer Rogel da Universidade de Michigan, liderado por Weiping Zou, uniu forças neste estudo. Eles combinaram conhecimentos em imunologia, genética do câncer, patologia ginecológica e química medicinal.

A equipe descobriu um processo molecular chamado B7-H4, que enfraquece o sistema imunológico tanto na placenta quanto no ambiente do tumor. Ao bloquear o B7-H4, é possível ativar o sistema imunológico para combater o câncer.

Progesterona, um hormônio presente nas mulheres, ajuda a regular o checkpoint imune B7-H4. Embora seja sabido que o androgênio pode suprimir o sistema imunológico no câncer de próstata, esta é a primeira vez que se demonstra que a progesterona pode influenciar a resposta imunológica no câncer.

Pesquisadores testaram medicamentos que bloqueiam a sinalização da progesterona em camundongos com câncer de mama e em tecidos humanos com a doença. Os medicamentos desaceleraram o crescimento do câncer nos camundongos e fortaleceram a resposta imunológica. Os resultados foram positivos, mas não muito impressionantes.

B7-H4 está associado a tempos de sobrevivência mais curtos em pacientes com câncer, então bloqueá-lo pode ser benéfico. No entanto, ainda há muitas incógnitas. Segundo o Dr. Zou, embora a progesterona tenha um papel nisso, mais pesquisas são necessárias. Ainda não encontraram uma maneira direta de bloquear essa via, e os receptores envolvidos permanecem não identificados.

Essa descoberta é promissora, pois ela liga a pesquisa sobre câncer à biologia da gravidez. No entanto, ainda temos muito a aprender. Precisamos realizar mais estudos para compreender completamente a B7-H4 e desenvolver tratamentos eficazes. Há potencial, mas não é uma revolução imediata.

Precisamos descobrir como o B7-H4 é regulado e identificar o receptor com o qual ele interage. É fundamental compreender a ciência básica por trás disso. Pesquisas futuras devem focar nessas questões.

Este estudo avança significativamente ao identificar uma conexão comum entre gravidez e câncer. Ele revela como o sistema imunológico é enfraquecido em ambas as situações, o que pode abrir caminhos para novos tratamentos. Focar em B7-H4 pode ser crucial, mas ainda há muito a ser explorado.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1016/j.cell.2024.06.012

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Jiali Yu, Yijian Yan, Shasha Li, Ying Xu, Abhijit Parolia, Syed Rizvi, Weichao Wang, Yiwen Zhai, Rongxin Xiao, Xiong Li, Peng Liao, Jiajia Zhou, Karolina Okla, Heng Lin, Xun Lin, Sara Grove, Shuang Wei, Linda Vatan, Jiantao Hu, Justyna Szumilo, Jan Kotarski, Zachary T. Freeman, Stephanie Skala, Max Wicha, Kathleen R. Cho, Arul M. Chinnaiyan, Samantha Schon, Fei Wen, Ilona Kryczek, Shaomeng Wang, Lieping Chen, Weiping Zou. Progestogen-driven B7-H4 contributes to onco-fetal immune tolerance. Cell, 2024; DOI: 10.1016/j.cell.2024.06.012
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