Pesquisadores mapeiam evolução do Pseudomonas aeruginosa até proporções epidêmicas

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Por João Silva
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Bactérias se espalhando globalmente em um mapa mundi digital.

São PauloCientistas estudaram como o DNA da Pseudomonas aeruginosa muda ao longo do tempo. Esta bactéria causa infecções difíceis de tratar com muitos medicamentos. Ela afeta principalmente pessoas com problemas pulmonares como DPOC, fibrose cística e bronquiectasia não DFC. Isso resulta em mais de 500 mil mortes anualmente, sendo mais de 300 mil devido a infecções resistentes a medicamentos.

Cientistas da Universidade de Cambridge analisaram o DNA de cerca de 10.000 amostras, coletadas de pessoas infectadas, animais e diversos ambientes ao redor do mundo. Eles divulgaram seus resultados na revista Science.

Principais descobertas do estudo incluem:

  • Cerca de 70% das infecções são causadas por 21 clones genéticos da bactéria.
  • A P. aeruginosa evoluiu rapidamente nos últimos 200 anos.
  • Comportamentos humanos, como viver em áreas densamente povoadas, provavelmente facilitaram essa evolução e disseminação.
  • A bactéria pode explorar um defeito imunológico desconhecido em pacientes com FC.
  • Diferentes clones se especializam em infectar pacientes com ou sem FC, raramente cruzando essas barreiras.

Os pesquisadores criaram diagramas que mostram a relação entre diferentes cepas de bactérias. Este estudo nos ajuda a entender como a P. aeruginosa passou de viver no ambiente a causar infecções em humanos.

Dr. Aaron Weimann destacou a rapidez com que as bactérias podem evoluir e se disseminar amplamente. Ele recomendou exames regulares para pessoas com maior risco de adoecer, a fim de identificar e conter novos surtos. Isso implica que os hospitais precisem melhorar seus métodos de controle de infecção.

Professor Andres Floto destacou a importância do controle de infecções em hospitais, já que a P. aeruginosa pode se disseminar facilmente entre os pacientes. No Hospital Royal Papworth, eles utilizam quartos individuais e sistemas avançados de ar para evitar a propagação de bactérias. Outros hospitais podem adotar métodos semelhantes para proteger pacientes em risco.

Este estudo aprimora nossa compreensão sobre a fibrose cística e propõe métodos para fortalecer a imunidade contra infecções por Pseudomonas e outros agentes infecciosos.

Mapeamento da P. aeruginosa destaca a necessidade de ações contra bactérias resistentes a antibióticos. O estudo oferece informações valiosas que podem influenciar as políticas de controle de infecções globalmente. Os esforços do Hospital Royal Papworth podem servir de exemplo para outras instituições que buscam reduzir a propagação de bactérias entre pacientes vulneráveis.

Este estudo foi financiado pelo Wellcome e pela UK Cystic Fibrosis Trust, destacando a importância da colaboração científica para resolver grandes problemas de saúde pública.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1126/science.adi0908

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Aaron Weimann, Adam M. Dinan, Christopher Ruis, Audrey Bernut, Stéphane Pont, Karen Brown, Judy Ryan, Lúcia Santos, Louise Ellison, Emem Ukor, Arun P. Pandurangan, Sina Krokowski, Tom L. Blundell, Martin Welch, Beth Blane, Kim Judge, Rachel Bousfield, Nicholas Brown, Josephine M. Bryant, Irena Kukavica-Ibrulj, Giordano Rampioni, Livia Leoni, Patrick T. Harrison, Sharon J. Peacock, Nicholas R. Thomson, Jeff Gauthier, Jo L. Fothergill, Roger C. Levesque, Julian Parkhill, R. Andres Floto. Evolution and host-specific adaptation of Pseudomonas aeruginosa. Science, 2024; 385 (6704) DOI: 10.1126/science.adi0908
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