Estudo revela talentos ocultos dos micróbios intestinais no combate à desnutrição infantil

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Por Bia Chacu
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Bactérias intestinais microscópicas decompõem substâncias complexas.

São PauloCientistas da Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis estão investigando como alimentos especiais podem auxiliar crianças desnutridas, utilizando bactérias intestinais. A pesquisa mais recente, publicada na revista Science em 25 de outubro, demonstra que certas bactérias do intestino têm um impacto significativo na saúde e no crescimento infantil.

Faecalibacterium prausnitzii é uma bactéria essencial encontrada no estudo. Ela tem a capacidade de decompor moléculas importantes no intestino, influenciando várias funções do corpo. Aqui estão algumas das notáveis habilidades dessa bactéria intestinal.

• Possui um gene exclusivo que produz e metaboliza moléculas lipídicas críticas para sinalização. • É capaz de degradar compostos que suprimem o apetite, o que é benéfico no tratamento de desnutrição. • Regula as respostas imunológicas e se comunica com o sistema nervoso. • Inibe as vias de comunicação usadas por bactérias patogênicas, ajudando a limitar doenças.

Novas pesquisas revelam que os micróbios intestinais desempenham um papel mais importante na saúde humana do que se imaginava. Cientistas descobriram uma enzima bacteriana similar à amida hidrolase de ácidos graxos (FAAH), capaz de decompor moléculas vitais como oleoletanolamida (OEA) e palmitoiletanolamida (PEA). Diferentemente da versão humana da FAAH, que atua principalmente sobre endocanabinoides, a bactéria realiza diversas funções, como interferir nos sinais de neurotransmissores e ajudar a regular o sistema imunológico.

Descoberta revolucionária na pesquisa do microbioma intestinal

Este avanço é crucial no tratamento da desnutrição e levanta questões e oportunidades importantes para outras aplicações. Ao estudar o microbioma intestinal, cientistas podem começar a desenvolver tratamentos para diversas condições de saúde, focando em enzimas específicas do intestino. No futuro, medicamentos poderão atuar nessas enzimas sem afetar células humanas, criando novas possibilidades de tratamento para controlar o apetite, lidar com distúrbios de humor ou gerenciar a dor crônica sem os efeitos colaterais habituais.

A descoberta da enzima única presente na bactéria FAAH sugere a possibilidade de outros microrganismos possuírem funções enzimáticas semelhantes ou novas. Com o estudo dessas funções bacterianas, os cientistas têm a oportunidade de entender melhor como as bactérias intestinais podem influenciar o metabolismo de medicamentos, possibilitando tratamentos mais personalizados para diversas condições. Essa pesquisa destaca o imenso potencial do uso de alimentos e bactérias intestinais na medicina, revelando que ainda há muito a ser explorado nesse campo.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1126/science.ado6828

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Jiye Cheng, Siddarth Venkatesh, Ke Ke, Michael J. Barratt, Jeffrey I. Gordon. A human gut Faecalibacterium prausnitzii fatty acid amide hydrolase. Science, 2024; 386 (6720) DOI: 10.1126/science.ado6828
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