Pesquisa revela: bactérias podem prever mudanças sazonais e aumentar chances de sobrevivência no frio

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Por Ana Silva
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Bactérias com relógios se adaptando às mudanças sazonais.

São PauloPesquisas recentes revelam que as bactérias utilizam seus relógios biológicos de 24 horas para se preparar para diferentes estações. Esta descoberta é crucial para compreender como os ritmos circadianos ajudam as espécies a se adaptarem às mudanças sazonais e climáticas. O estudo investigou as cianobactérias, ou algas azul-esverdeadas, e como elas respondem a diferentes comprimentos de dias artificiais.

O experimento expôs cianobactérias a diferentes durações de luz do dia, mantendo a temperatura elevada. Após vários dias, as algas foram colocadas no gelo por duas horas. Os resultados mostraram que as bactérias expostas a dias mais curtos tiveram taxas de sobrevivência muito superiores às que não foram expostas. Especificamente, a taxa de sobrevivência para as expostas a dias curtos foi de 75%, até três vezes maior do que as outras amostras.

Principais descobertas da pesquisa:

  • Bactérias expostas a dias curtos (oito horas de luz e 16 horas de escuridão) tiveram taxas de sobrevivência mais altas durante choques térmicos frios.
  • A resistência ideal ao frio foi obtida após seis a oito dias de exposição a dias curtos.
  • Cianobactérias sem seus genes do relógio biológico não mostraram variação na sobrevivência com base na duração do dia.
  • O fotoperiodismo é crucial para as bactérias se prepararem para mudanças sazonais.

Os resultados revelam que as bactérias utilizam seus relógios biológicos internos para perceber a duração dos dias. Quando expostas a dias curtos ao longo do tempo, elas entram em um estado que as ajuda a lidar com temperaturas mais frias. Isso é surpreendente, pois as bactérias geralmente vivem apenas de seis a 24 horas. O estudo sugere que as bactérias podem informar gerações futuras sobre mudanças ambientais iminentes.

O estudo abre novas possibilidades científicas. Uma questão a ser investigada é como organismos com vida curta conseguem prever mudanças sazonais. Compreender isso pode nos ajudar a descobrir como outras espécies, incluindo culturas agrícolas importantes, podem se adaptar às mudanças climáticas.

Os resultados indicam que certos compostos se acumulam durante os dias mais curtos e podem provocar alterações no funcionamento das bactérias, ajudando-as a sobreviver em condições adversas. Estudar esses sistemas pode nos ajudar a compreender como as informações são transmitidas para as futuras gerações em diferentes espécies.

A equipe liderada pela Dra. Luísa Jabbur demonstra que novos pesquisadores podem causar grandes impactos em suas áreas. O estudo deles destaca a conexão entre os relógios biológicos nos organismos e sua adaptação aos ambientes, enfatizando o papel dos ritmos circadianos na natureza.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1126/science.ado8588

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Maria Luísa Jabbur, Benjamin P. Bratton, Carl Hirschie Johnson. Bacteria can anticipate the seasons: Photoperiodism in cyanobacteria. Science, 2024; 385 (6713): 1105 DOI: 10.1126/science.ado8588
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