Bactéria em esponja marinha revela pistas sobre a origem evolutiva da tuberculose

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Por Alex Morales
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Esponja marinha com células microbianas sob um microscópio.

São PauloUm estudo recente publicado na PLOS Pathogens descobriu uma bactéria em uma esponja marinha da Grande Barreira de Coral que é geneticamente muito similar ao Mycobacterium tuberculosis, responsável pela tuberculose. Nomeada Mycobacterium spongiae, essa bactéria pode ajudar a entender melhor a evolução da tuberculose e contribuir para o desenvolvimento de novos tratamentos.

Principais Descobertas deste Estudo:

  • Mycobacterium spongiae compartilha 80% de seu material genético com M. tuberculosis.
  • Possui genes chave relacionados à causação de doenças encontrados em M. tuberculosis.
  • Ao contrário de M. tuberculosis, M. spongiae é não-virulento e não causa doenças em camundongos.

O Dr. Sacha Pidot do Instituto Doherty afirmou que a semelhança genética entre dois tipos de bactérias oferece novas informações sobre a origem da M. tuberculosis. Existe a possibilidade de que micobactérias marinhas sejam os ancestrais antigos da bactéria da tuberculose, o que sugere que a TB pode ter se originado no oceano. Esta teoria é interessante pois pode revelar quando e como bactérias inofensivas evoluíram para causar doenças graves em humanos.

M. spongiae é valiosa para pesquisas porque não causa doenças em camundongos. Os cientistas podem estudar sua genética e interações de forma segura, já que não é prejudicial. Isso a torna um bom modelo para encontrar vulnerabilidades em M. tuberculosis.

Descobrir um parente próximo da TB em um ambiente marinho demonstra a importância das esponjas marinhas para a medicina. Essas esponjas produzem várias substâncias capazes de combater o câncer, bactérias, vírus e inflamações. Assim, o M. spongiae não só nos ajuda a entender mais sobre a TB, mas também ressalta o valor dos ecossistemas marinhos para a pesquisa médica.

Futuras pesquisas podem agora concentrar-se em várias novas áreas abertas por esta descoberta:

  • Explorar a linhagem evolutiva das espécies de Mycobacterium dos ambientes marinhos aos terrestres.
  • Identificar as mudanças genéticas específicas que permitiram ao M. tuberculosis tornar-se um patógeno.
  • Desenvolver novas vacinas ou medicamentos que visem os pontos fracos identificados no M. tuberculosis através dos estudos do M. spongiae.

Estudar os processos genéticos e químicos do M. spongiae pode revelar como bactérias marinhas semelhantes se tornaram nocivas e ajudar a encontrar novos alvos para tratamentos de tuberculose. Esta pesquisa integra biologia marinha e estudos de doenças infecciosas, apontando um novo caminho para melhorar o tratamento e o controle da tuberculose. A pesquisa continuada sobre esponjas marinhas pode levar a avanços importantes na luta contra uma das doenças mais antigas e mortais do mundo.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1371/journal.ppat.1012440

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Sacha J. Pidot, Stephan Klatt, Louis S. Ates, Wafa Frigui, Fadel Sayes, Laleh Majlessi, Hiroshi Izumi, Ian R. Monk, Jessica L. Porter, Vicki Bennett-Wood, Torsten Seemann, Ashley Otter, George Taiaroa, Gregory M. Cook, Nicholas West, Nicholas J. Tobias, John A. Fuerst, Michael D. Stutz, Marc Pellegrini, Malcolm McConville, Roland Brosch, Timothy P. Stinear. Marine sponge microbe provides insights into evolution and virulence of the tubercle bacillus. PLOS Pathogens, 2024; 20 (8): e1012440 DOI: 10.1371/journal.ppat.1012440
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