Leveduras assassinas: solução para problemas na cerveja artesanal

Tempo de leitura: 2 minutos
Por Bia Chacu
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Células de levedura sob microscópio com fundo de cerveja artesanal.

São PauloSaccharomyces cerevisiae, um tipo de levedura utilizado na fabricação de cerveja, pode trazer complicações para os produtores de cervejas artesanais. Quando essas cepas de levedura contaminam cervejas que não deveriam ter altos níveis de álcool ou passar por fermentação adicional, podem causar problemas como aumento indesejado do teor alcoólico, alterações no sabor e até mesmo o risco de garrafas explodirem.

Pesquisadores estão investigando certas leveduras para resolver alguns problemas. Essas leveduras têm a capacidade de produzir substâncias que controlam cepas indesejadas. A seguir, alguns pontos importantes sobre o problema e como essas leveduras podem ajudar.

Fermento Diastático: Impactos e Controle na Produção de Cerveja

As leveduras diastáticas liberam glucoamilase, uma enzima que transforma dextrinas em açúcares simples. Elas são essenciais para a produção de certos tipos de cerveja, como a saison belga, que exigem um teor alcoólico mais elevado. Contudo, a contaminação por essas leveduras pode obrigar as cervejarias a descartar as cervejas afetadas, resultando em prejuízos financeiros. Toxinas letais, especialmente a toxina K1, têm se mostrado eficazes na inibição do crescimento da maioria das cepas diastáticas.

Grandes cervejarias geralmente lidam com a contaminação pasteurizando seus produtos, mas esse processo é caro. Pequenos produtores de cerveja artesanal temem que a pasteurização possa alterar o sabor da cerveja. Por isso, é fundamental ficar atento à contaminação por leveduras diastáticas, embora seja muito difícil detectá-la. As leveduras diastáticas se parecem bastante com as cepas comuns quando cultivadas em placas de ágar, tornando quase impossível distingui-las visualmente. Isso destaca a necessidade de uma solução melhor, como o uso de leveduras "killer".

Compreendendo o Potencial dos Leveduras Poderosas

Pesquisadores acreditam que o uso de leveduras assassinas pode ser uma maneira simples e acessível de lidar com problemas de contaminação. Ao adicionar essas leveduras nos locais onde ocorre a contaminação, os cervejeiros podem evitar perdas financeiras e danos à sua reputação devido a cervejas estragadas. Estudos iniciais indicam que o sucesso das toxinas assassinas, como K1, pode variar conforme os tipos de levedura presentes na cerveja. Mais pesquisas são necessárias para entender como aplicar essas leveduras em diferentes contextos de fabricação.

Genética de leveduras e suas interações são complexas, tornando seu estudo um desafio. Contudo, pesquisas iniciais apresentam resultados promissores que podem levar mais cervejeiros artesanais a adotarem leveduras killer. Se estudos futuros confirmarem essas descobertas, essas leveduras podem se tornar uma ferramenta comum para ajudar esses cervejeiros a proteger sabores e garantir a consistência de seus produtos. A pesquisa atual indica que ainda há muito a aprender sobre leveduras, ressaltando a importância de estudos mais direcionados nessa área.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1128/aem.01072-24

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Victor Zhong, Nicholas Ketchum, James K. Mackenzie, Ximena Garcia, Paul A. Rowley. Inhibition of diastatic yeasts by Saccharomyces killer toxins to prevent hyperattenuation during brewing. Applied and Environmental Microbiology, 2024; DOI: 10.1128/aem.01072-24
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