Crias de bacalhau-do-Pacífico ameaçadas por ondas de calor marinho no Alasca

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Por Chi Silva
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Jovem bacalhau do Pacífico nadando em águas costeiras quentes.

São PauloJovens bacalhaus-do-pacífico no Golfo do Alasca enfrentam dificuldades durante as ondas de calor marinhas. Pesquisadores da Universidade do Estado do Oregon descobriram que esses peixes não podem mais contar com seus tradicionais locais seguros perto da Ilha de Kodiak. Essas áreas, antes ideais para o crescimento dos jovens bacalhaus e para mantê-los afastados de predadores, sofreram mudanças significativas. O estudo foi publicado na revista Scientific Reports.

O aquecimento marítimo extremo ocorreu entre 2014-2016 e em 2019, elevando a temperatura da água para quase 14,4 graus Celsius, cerca de 6 graus acima do normal. Esses foram alguns dos eventos de aquecimento mais intensos já registrados no Oceano Pacífico Nordeste. Os jovens bacalhaus enfrentaram mudanças significativas devido a isso.

  • Abundância
  • Taxas de crescimento
  • Dieta

Durante ondas de calor, pesquisadores descobriram que apenas os 15-25% maiores dos jovens bacalhaus sobreviviam ao verão. Eles estudaram bacalhaus de 16 localidades ao redor da Ilha Kodiak entre 2006 e 2019. A equipe utilizou otólitos, pequenas estruturas ósseas, para medir o crescimento dos peixes. Ao comparar amostras de meados de julho a final de agosto, encontraram os peixes 30% maiores do que o esperado.

Pesquisadores tentaram entender por que os peixes ficaram maiores ao analisar as taxas de crescimento e a dieta, mas não conseguiram compreender completamente. Descobriram que a razão mais provável era que apenas os peixes maiores sobreviveram. Hillary Thalmann, a autora principal, disse que isso é importante porque normalmente os peixes pequenos estão seguros nos berçários, mas as ondas de calor mudaram essa realidade.

O estudo afeta mais do que apenas o bacalhau do Pacífico. Pode ter implicações para outros peixes marinhos também. Com as mudanças climáticas, ondas de calor marinhas estão se tornando mais longas e frequentes. O aumento das temperaturas resultou em reprodução mais precoce e altas taxas de mortalidade entre os jovens bacalhaus. Esses problemas levaram ao fechamento da pesca do bacalhau em 2020, e um desastre federal foi decretado em 2022.

Para as comunidades nativas e pescadores comerciais no Alasca, isso é um grande problema. O bacalhau-do-Pacífico é crucial para sua cultura e atividades econômicas. Em 2022, os pescadores capturaram 403 milhões de libras de bacalhau, avaliadas em $225 milhões, de acordo com a NOAA Fisheries. Se as ondas de calor continuarem ocorrendo, os peixes podem precisar se mover mais ao norte para encontrar melhores condições. Apenas os bacalhaus maiores podem sobreviver, o que afetará a população de peixes no futuro.

Cientistas afirmam que mudanças nas condições dos oceanos podem afetar a distribuição e a saúde do bacalhau-do-pacífico. Esses achados ressaltam a importância de considerar as mudanças climáticas e seus impactos nas indústrias pesqueiras. Pesquisas futuras devem explorar outras áreas e espécies para verificar se as mesmas tendências se repetem.

Zoe Almeida, Kaitlyn Osborne, Kaylee Marshall e Jessica Miller, da OSU, juntamente com Benjamin Laurel, do NOAA Alaska Fisheries Science Center em Newport, Oregon, colaboraram em um estudo. Eles investigaram como períodos de aquecimento no oceano afetam os jovens bacalhaus do Pacífico e quais são as implicações para o futuro da espécie.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s41598-024-63897-w

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Hillary L. Thalmann, Benjamin J. Laurel, L. Zoe Almeida, Kaitlyn E. Osborne, Kaylee Marshall, Jessica A. Miller. Marine heatwaves alter the nursery function of coastal habitats for juvenile Gulf of Alaska Pacific cod. Scientific Reports, 2024; 14 (1) DOI: 10.1038/s41598-024-63897-w
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