Impacto das mudanças climáticas: mulheres dobrarão tempo para coletar água até 2050, diz estudo
São PauloAté 2050, a mudança climática fará com que mulheres em lares sem água encanada gastem muito mais tempo coletando água. Um estudo publicado na Nature Climate Change indica que esse tempo pode aumentar em média 30% globalmente. Em algumas regiões da América do Sul e Sudeste Asiático, o tempo gasto pode até dobrar devido às temperaturas mais elevadas.
Mulheres gastam até 200 milhões de horas todos os dias coletando água, conforme dados de 2016. As mudanças climáticas estão dificultando ainda mais a busca por água, o que significa que elas podem ter que dedicar ainda mais tempo a essa tarefa. Até 2050, em algumas regiões, o tempo necessário para a coleta diária de água pode ser o dobro do atual.
Cientistas do Instituto Potsdam de Pesquisa sobre Impacto Climático (PIK) afirmam que as mudanças climáticas, com temperaturas mais altas e alterações nas precipitações, afetarão o suprimento de água. Robert Carr, autor do estudo, destaca que, de 1990 a 2019, mulheres em casas sem água encanada gastaram em média 22,84 minutos por dia coletando água. Esse tempo variava de 4 minutos em algumas regiões da Indonésia a 110 minutos em certas áreas da Etiópia.
O impacto da poluição na coleta de água no futuro
O estudo analisa o tempo que as pessoas deverão dedicar para coletar água no futuro, considerando diferentes níveis de poluição. Com alta poluição, até 2050, as mulheres podem precisar gastar até 30% mais tempo diariamente para conseguir água. Se o aquecimento global for mantido abaixo de 2 graus Celsius, esse aumento pode ser reduzido para 19%. Os efeitos variam por região; por exemplo, na América do Sul e Sudeste Asiático, o tempo de coleta de água pode dobrar se a poluição continuar alta. Na África Oriental e Central, onde já se gasta muito tempo com essa atividade, o aumento pode variar entre 20% e 40%.
Pesquisa revela impacto desigual das mudanças climáticas entre homens e mulheres
Estudos indicam que as mudanças climáticas afetam homens e mulheres de formas distintas. Normalmente, são as mulheres e meninas que coletam água. Quando esse processo leva mais tempo, elas perdem horas preciosas que poderiam ser usadas para estudar, trabalhar ou descansar. Além disso, há grandes consequências financeiras. Maximilian Kotz do PIK afirma que o tempo de trabalho perdido pode custar aos países dezenas a centenas de milhões de dólares por ano, dependendo dos salários mínimos locais.
Esta notícia é preocupante. Ela revela como as mudanças climáticas afetam as atividades diárias e aumentam a pressão sobre as mulheres. Buscar água exige muito tempo e esforço, agravando a disparidade de gênero. Com o aumento das temperaturas e a alteração dos padrões de chuva, as fontes de água se tornam escassas. Isso significa que as mulheres precisam caminhar mais e trabalhar mais duro para conseguir água.
Dados de pesquisas domiciliares em 347 regiões de 1990 a 2019 indicaram que temperaturas mais altas e menos chuvas já estão prolongando o tempo necessário para coletar água. O estudo também utilizou modelos climáticos (CMIP-6) para prever efeitos futuros sob diferentes cenários de emissões, tornando suas previsões mais confiáveis.
Buscar água está ficando cada vez mais difícil devido às mudanças climáticas, um problema que afeta muitas pessoas atualmente. Precisamos agir rapidamente para reduzir seu impacto, não só para o meio ambiente, mas também para nossa economia. Até 2050, precisamos de políticas e ações melhoradas para garantir água acessível e confiável e para ajudar as mulheres que são particularmente vulneráveis. O estudo destaca a necessidade urgente de atuar contra as mudanças climáticas para proteger o bem-estar das mulheres no mundo todo.
O estudo é publicado aqui:
http://dx.doi.org/10.1038/s41558-024-02037-8e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é
Robert Carr, Maximilian Kotz, Peter-Paul Pichler, Helga Weisz, Camille Belmin, Leonie Wenz. Climate change to exacerbate the burden of water collection on women’s welfare globally. Nature Climate Change, 2024; DOI: 10.1038/s41558-024-02037-8Compartilhar este artigo