Por que corrigir desinformação eleitoral muitas vezes falha, segundo estudo recente

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Por João Silva
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Fluxograma mostrando o processo de correção de desinformação e armadilhas.

São PauloEstudo revela dificuldades em combater informações falsas eleitorais

Pesquisadores do MIT e da Universidade da Califórnia, em Berkeley, descobriram que as iniciativas para combater informações falsas sobre eleições frequentemente falham. O estudo aponta razões pelas quais é difícil corrigir dados incorretos sobre os resultados eleitorais. Utilizando um modelo Bayesiano, os pesquisadores analisaram como as pessoas reagem a medidas e declarações de autoridades que tentam enfrentar a desinformação.

Elementos principais que influenciam o sucesso de refutações incluem:

  • Crenças iniciais sólidas: Pessoas com convicções mais firmes tendem a ser menos receptivas a mudar de opinião.
  • Percepção de autoridade: Se uma autoridade é vista como imparcial e focada em precisão, suas tentativas de refutação tornam-se mais persuasivas.
  • Ações contra vieses percebidos: Quando uma autoridade age de maneira contrária ao seu suposto viés, a refutação ganha credibilidade.

O estudo revelou que tentar corrigir informações falsas pode levar as pessoas a se apegarem ainda mais a suas crenças erradas. Em vez de mudar a opinião dos céticos, o desmentido pode fazer com que eles mantenham suas ideias originais. Isso acontece porque as pessoas avaliam ações com base no que acreditam serem as motivações por trás delas. Como frequentemente pensam que o desmentido é tendencioso, têm dificuldade em vê-lo como uma simples apresentação dos fatos.

Observadores neutros treinados desempenham um papel crucial nas eleições. Eles demonstram imparcialidade e buscam ser precisos, o que pode ajudar a convencer aqueles que estão em dúvida sobre a integridade de um pleito. Esses observadores agem como vozes equilibradas em meio a grupos divididos.

À medida que nos preparamos para as eleições de 2024, é fundamental compreender essas mudanças. As redes sociais estão se tornando mais relevantes, o que permite que a desinformação se espalhe rapidamente, dificultando a correção. A divisão política agrava esse cenário, pois as pessoas frequentemente preferem notícias que confirmem suas crenças pré-existentes.

Diante desses desafios, os esforços para garantir a integridade das eleições devem privilegiar medidas de transparência e fortalecimento da confiança. As autoridades precisam adotar uma abordagem que entenda a psicologia humana. Entre as estratégias possíveis estão:

  • Aumentar a confiança pública em observadores imparciais.
  • Aprimorar a comunicação a partir de fontes percebidas como imparciais.
  • Educar a população sobre habilidades críticas de alfabetização midiática.

Corrigir informações falsas sobre eleições é um desafio, mas entender como as pessoas formam suas crenças pode ajudar a criar abordagens mais eficazes. É fundamental que aqueles que corrigem essas informações sejam confiáveis e vistos de forma positiva, além de simplesmente utilizar dados precisos.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1093/pnasnexus/pgae393

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Setayesh Radkani, Marika Landau-Wells, Rebecca Saxe. How rational inference about authority debunking can curtail, sustain, or spread belief polarization. PNAS Nexus, 2024; 3 (10) DOI: 10.1093/pnasnexus/pgae393
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