Desvendando a resistência a medicamentos: estudo revela evolução do câncer e interações celulares

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Por João Silva
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Ilustrações de células cancerígenas em mutação em meio a influências ambientais.

São PauloUm estudo recente da Case Western Reserve University e da Cleveland Clinic revela por que a resistência a medicamentos é comum em casos de câncer e outras doenças. Os pesquisadores descobriram que células resistentes a medicamentos interagem com as células ao seu redor, o que pode explicar essa resistência. Essa descoberta desafia a ideia de que as mutações de resistência deveriam diminuir sem tratamento devido ao seu crescimento mais lento. Os pesquisadores utilizaram simulações computacionais e métodos analíticos para demonstrar isso.

Principais pontos do estudo incluem:

  • A resistência preexistente é comum em doenças em evolução, como o câncer e infecções por patógenos.
  • Células resistentes a medicamentos têm menor aptidão antes do tratamento, mas conseguem sobreviver.
  • Interações ecológicas entre células diminuem os custos da resistência.
  • Testes com células de câncer de pulmão de não pequenas células geneticamente modificadas confirmaram a teoria.

Jacob Scott, o principal pesquisador e professor associado da Case Western Reserve, afirma que sua descoberta resolve os conflitos entre genética de populações clássica e ecologia teórica. Ele descreve essa descoberta como extremamente empolgante.

O estudo destaca sua importância ao focar no carcinoma de pulmão de não pequenas células, conhecido por resistir a tratamentos direcionados. Quando os pesquisadores cultivaram células resistentes a medicamentos ao lado de células sensíveis ao tratamento, ambos os grupos apresentaram melhores resultados. Esse resultado está de acordo com o que a nova teoria previa.

Jeff Maltas, principal autor do estudo, afirma que as células resistentes sobrevivem graças ao apoio das células vizinhas. Esse novo entendimento sugere uma abordagem diferente para o tratamento. Em vez de criar novos medicamentos para as células resistentes, os tratamentos poderiam se concentrar em interromper as interações de suporte entre as células que permitem a resistência.

Esta pesquisa integra áreas como física, genética, ecologia e estudos matemáticos do câncer. Ao compreender como essas disciplinas se interrelacionam, podemos desenvolver novas formas de tratar o câncer e doenças infecciosas.

Os resultados são animadores. Indicam que devemos mudar nossa abordagem ao lidar com a resistência a medicamentos. Em vez de criar novos remédios continuamente, podemos focar em alterar o ambiente do tumor. Romper a interação entre células resistentes e não resistentes pode ser uma estratégia muito eficaz.

As descobertas possuem impactos mais amplos do que apenas no câncer de pulmão. Elas podem mudar como lidamos com a resistência a medicamentos em outros tipos de câncer, infecções e parasitas. O método do estudo pode ser aplicado em outras áreas médicas. Além disso, resolve divergências entre diferentes campos científicos, aprimorando nosso entendimento sobre a evolução da resistência.

Este estudo propõe uma nova compreensão sobre o desenvolvimento da resistência a medicamentos. Essa descoberta tem o potencial de influenciar pesquisas futuras e métodos de tratamento. Se os mesmos resultados forem observados em pacientes reais, isso pode levar a tratamentos mais eficazes não só para o câncer, mas também para diversas outras doenças.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1103/PRXLife.2.023010

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Jeff Maltas, Dagim Shiferaw Tadele, Arda Durmaz, Christopher D. McFarland, Michael Hinczewski, Jacob G. Scott. Frequency-Dependent Ecological Interactions Increase the Prevalence, and Shape the Distribution, of Preexisting Drug Resistance. PRX Life, 2024; 2 (2) DOI: 10.1103/PRXLife.2.023010
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