Pequenos guerreiros: sistema imunológico fetal combate infecções antes do nascimento

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Por João Silva
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Silhueta fetal envolvida em escudo protetor luminoso.

São PauloDescobertas sobre a Imunidade Fetal Revolucionam Cuidados na Gravidez

Pesquisas da Escola de Medicina Duke-NUS transformaram nosso entendimento sobre a imunidade fetal. Cientistas descobriram que os fetos possuem sistemas imunológicos próprios, capazes de combater infecções ainda no útero. Esta nova revelação pode impactar o cuidado médico das gestantes, especialmente quando a mãe tem uma infecção que poderia causar malformações no bebê.

O estudo destaca pontos importantes.

  • O sistema imunológico do feto é mais avançado do que se pensava anteriormente.
  • Células imunológicas, como a micróglia e os monócitos, têm papéis fundamentais no cérebro fetal durante infecções.
  • Respostas imunológicas exageradas, que envolvem certos sinais e moléculas, podem prejudicar o desenvolvimento cerebral.
  • Medicamentos experimentais anti-inflamatórios podem ajudar a reduzir inflamações prejudiciais.

Anteriormente, acreditava-se que o feto dependia totalmente do sistema imunológico da mãe para se defender. No entanto, este estudo demonstra que o sistema imunológico fetal é robusto e pode se proteger, até certo ponto, contra infecções. Esta descoberta é particularmente relevante para o entendimento de doenças como a Zika, que são conhecidas por causar graves defeitos congênitos.

O sistema imunológico realiza sua defesa por meio da colaboração de diferentes células, cada uma desempenhando seu papel. As microglia são células imunes especiais que protegem o cérebro fetal contra infecções. Por outro lado, os monócitos, também parte do sistema de defesa do corpo, podem induzir inflamação que pode prejudicar o cérebro fetal se estiverem muito ativos. Isso destaca a importância de ter um equilíbrio cuidadoso na reação do sistema imunológico fetal.

Esta pesquisa revela o potencial para tratamentos médicos. Ao identificar os sinais inflamatórios específicos que provocam danos cerebrais, cientistas estão se preparando para desenvolver tratamentos que minimizem esses efeitos. Um medicamento experimental com propriedades anti-inflamatórias demonstrou potencial em reduzir inflamações prejudiciais, o que pode levar a novas terapias que melhorem os resultados de gestações afetadas por infecções.

Este estudo faz parte de um esforço global para compreender o funcionamento das células e seu impacto na saúde, visando aprimorar os cuidados médicos. A pesquisa não só traz novos entendimentos sobre o desenvolvimento fetal, como também abre novas possibilidades para proteger a saúde do feto. Compreender como o sistema imunológico reage desde cedo é essencial, não apenas para combater infecções, mas também para criar novos tratamentos médicos na atenção pré-natal.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1016/j.cell.2024.10.028

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Muhammad Abdelbasset, Wilfried A.A. Saron, Dongliang Ma, Abhay P.S. Rathore, Tatsuya Kozaki, Chengwei Zhong, Chinmay Kumar Mantri, Yingrou Tan, Chi-Ching Tung, Hong Liang Tey, Justin Jang Hann Chu, Jinmiao Chen, Lai Guan Ng, Hongyan Wang, Florent Ginhoux, Ashley L. St. John. Differential contributions of fetal mononuclear phagocytes to Zika virus neuroinvasion versus neuroprotection during congenital infection. Cell, 2024; DOI: 10.1016/j.cell.2024.10.028
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