Cientistas desvendam como células imunes combatem o câncer ao identificar proteína específica

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Por João Silva
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"Ilustração de células assassinas naturais atacando células cancerígenas"

São PauloCientistas avançam na compreensão de como o sistema imunológico combate o câncer. Células naturais assassinas (NK), que fazem parte do sistema imunológico, podem identificar e atacar uma proteína chamada XPO1, envolvida no crescimento do câncer. A XPO1 se torna extremamente ativa em muitos tipos de câncer, permitindo que as células cancerígenas se multipliquem descontroladamente. Pesquisadores da Universidade de Southampton colaboraram com especialistas globais nesse estudo crucial. As descobertas foram publicadas na revista Science Advances.

Pesquisadores descobriram que células NK iniciam uma resposta imunológica quando encontram um peptídeo da proteína XPO1. Essa descoberta pode revolucionar o tratamento do câncer ao oferecer um método menos invasivo. O Professor Salim Khakoo, principal autor, mencionou que antes se pensava que as células NK atacavam aleatoriamente as células cancerígenas. Contudo, a pesquisa mostra que as células NK conseguem reconhecer e atacar especificamente as células cancerígenas, abrindo caminho para novas opções de imunoterapia.

Principais descobertas do estudo incluem:

  • Células NK são ativadas por um peptídeo derivado da proteína XPO1.
  • Pacientes com células NK ativas e altos níveis de XPO1 apresentam taxas de sobrevivência significativamente melhores.
  • Essa abordagem pode ser eficaz contra diversos tipos de câncer, como de fígado, cabeça e pescoço, endometrial, bexiga e mama.

Esta descoberta pode resultar em tratamentos de câncer personalizados, que são mais seguros que métodos tradicionais como a quimioterapia. A quimioterapia e algumas imunoterapias podem causar efeitos colaterais graves e danificar tecidos saudáveis. Contudo, tratamentos que utilizam células NK direcionam-se apenas às células cancerígenas, preservando os tecidos saudáveis.

Pesquisas anteriores demonstraram que as células NK são essenciais para interromper o desenvolvimento do câncer. Este estudo pioneiro encontrou uma maneira prática de ativar essas células em todo o corpo. Ao visar a proteína XPO1, os cientistas podem ter descoberto um método mais eficaz de utilizar o sistema imunológico para combater o câncer.

Professor Ralf Schittenhelm da Universidade Monash na Austrália afirmou que essa nova descoberta pode revolucionar a imunoterapia, especialmente para pacientes que não responderam bem aos tratamentos convencionais. A equipe em Southampton está desenvolvendo a primeira vacina que utiliza células NK para combater o câncer. Se for eficaz, essa abordagem pode proporcionar opções de tratamento muito melhores para os pacientes com câncer.

Este avanço destaca a necessidade de mais pesquisa e desenvolvimento em imunoterapia. Ao entender melhor o funcionamento do sistema imunológico, os cientistas visam criar tratamentos que sejam tanto mais eficazes quanto menos agressivos. Isso pode resultar em taxas de sobrevivência melhores e maior qualidade de vida para os pacientes com câncer.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1126/sciadv.ado6566

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Matthew D. Blunt, Hayden Fisher, Ralf B. Schittenhelm, Berenice Mbiribindi, Rebecca Fulton, Sajida Khan, Laura Espana-Serrano, Lara V. Graham, Leidy Bastidas-Legarda, Daniel Burns, Sophie M.S. Khakoo, Salah Mansour, Jonathan W. Essex, Rochelle Ayala, Jayajit Das, Anthony W. Purcell, Salim I. Khakoo. The nuclear export protein XPO1 provides a peptide ligand for natural killer cells. Science Advances, 2024; 10 (34) DOI: 10.1126/sciadv.ado6566
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