Cientistas pedem pesquisa aprofundada sobre tecnologias para salvar geleiras e reduzir o nível do mar
São PauloCientistas divulgaram um importante relatório sobre geoengenharia glacial, um novo campo que investiga se a tecnologia pode evitar o derretimento de geleiras e mantos de gelo. O documento é fruto de duas conferências realizadas na Universidade de Chicago e na Universidade Stanford. Esta é a primeira vez que glaciologistas avaliam publicamente soluções tecnológicas para impedir um aumento dramático do nível do mar.
Cientistas têm observado grandes mudanças nas geleiras ao redor do mundo. Com o aquecimento do clima, enormes camadas de gelo estão derretendo, fazendo o nível do mar subir. Desde o final dos anos 1800, os oceanos já subiram entre 20 e 23 centímetros, e mais derretimento pode causar mudanças ainda maiores. A maior parte do gelo que afeta o nível do mar está no Ártico e na Antártica. Algumas pessoas se perguntam se é possível desacelerar ou parar esse derretimento construindo barreiras ao redor das camadas de gelo.
Principais pontos do relatório incluem:
- Construir barreiras ou cortinas feitas de fibra para impedir que a água quente enfraqueça as plataformas de gelo.
- Reduzir o fluxo de riachos que carregam água derretida das camadas de gelo.
- Perfurar buracos até a base das geleiras para controlar a água sob o gelo.
As conferências abordaram duas estratégias principais. A primeira consiste no uso de redes e cortinas no fundo do mar para manter a água aquecida longe das geleiras. MacAyeal observou que isso pode exigir menos engenharia do que se imaginava inicialmente. A geleira Thwaites, por exemplo, pode precisar de cerca de 80 quilômetros dessas instalações. A segunda estratégia visa reduzir o fluxo de águas de degelo para desacelerar o derretimento das geleiras, o que pode envolver a drenagem da água sob o leito de gelo ou o congelamento artificial da base da geleira. Ambas as abordagens apresentam benefícios e desvantagens incertas.
Testes desses métodos provavelmente começariam no Ártico, pois é mais acessível que a Antártida. No entanto, muitas pessoas, incluindo grupos indígenas, vivem e dependem do Ártico. Moore destaca a necessidade de incluir essas comunidades no processo de pesquisa.
O relatório propõe um projeto de pesquisa abrangente que envolve sociólogos, humanistas, ecologistas, líderes comunitários e organizações internacionais. O objetivo é fornecer às futuras gerações conhecimentos essenciais sobre glaciares. O relatório completo está disponível online para quem deseja consultar os detalhes e recomendações.
O relatório é um passo inicial crucial para entender como a tecnologia pode ajudar frente à elevação do nível do mar provocada pelas mudanças climáticas. Este projeto pode abrir caminho para novas soluções, mas também enfatiza que a redução das emissões de carbono é o objetivo mais importante.
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