Estudo revela situação das populações de peixes pior do que imaginávamos

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Por Alex Morales
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População de peixes esgotada no oceano com barcos de pesca.

São PauloOs estoques de peixes nos oceanos do mundo estão em pior estado do que pensávamos. A pesca excessiva foi atribuída a políticas que permitiram capturas maiores do que as recomendadas pelos cientistas. No entanto, um novo estudo de quatro instituições de pesquisa australianas revela que até essas recomendações eram muito otimistas. Como resultado, muito mais populações de peixes estão sobrepescadas ou colapsaram do que imaginávamos. Dr. Rainer Froese do GEOMAR Helmholtz Centre for Ocean Research Kiel e Dr. Daniel Pauly da Universidade de British Columbia compartilharam as descobertas deste estudo.

O estudo destaca problemas cruciais nas avaliações atuais de estoques pesqueiros:

  • Superestimação da abundância de peixes
  • Taxas de recuperação dos estoques excessivamente otimistas
  • Modelos complexos com muitos parâmetros
  • Recuperações ilusórias dos estoques de peixes
  • Reduções insuficientes nos limites de captura

Um problema central é que os modelos atuais são extremamente complexos, contendo mais de 40 fatores diferentes, como histórico de vida dos peixes, detalhes da captura e esforço de pesca. Apenas um número reduzido de especialistas consegue compreender esses modelos, o que pode resultar em vieses nos resultados. Além disso, muitos dos fatores de entrada frequentemente se baseiam em suposições ao invés de dados precisos, o que pode gerar resultados tendenciosos de acordo com as expectativas dos modeladores.

Froese e Pauly recomendam utilizar modelos mais simples baseados em regras ecológicas para gerenciar as populações de peixes. Esses modelos seriam mais fáceis de manejar e poderiam fornecer resultados mais precisos. Eles também sugerem adotar estimativas conservadoras em situações de incerteza para proteger os estoques pesqueiros.

Princípios Fundamentais para a Pesca Sustentável

Vários princípios fundamentais para a pesca sustentável, segundo Froese, podem ser aplicados mesmo sem conhecimento detalhado sobre o tamanho dos estoques:

  • Pescar menos do que o que é regenerado
  • Permitir que os peixes se reproduzam antes de serem capturados
  • Utilizar equipamentos de pesca ecologicamente corretos
  • Estabelecer zonas protegidas
  • Reduzir a captura de peixes de forragem como anchovas, sardinhas, krill e arenque

Essas medidas ajudam a preservar importantes cadeias alimentares e promovem uma pesca sustentável. Reduzir os limites de captura pode diminuir os ganhos dos pescadores inicialmente, mas é fundamental para manter a saúde dos ecossistemas marinhos e das comunidades que deles dependem a longo prazo.

Implementar essas mudanças não reduzirá as dificuldades regulatórias, mas pode aumentar significativamente a sustentabilidade global e a saúde das populações de peixes. Os formuladores de políticas desempenham um papel essencial nesse processo e devem adotar essas novas e simplificadas metodologias rapidamente.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1126/science.adr5487

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Rainer Froese, Daniel Pauly. Taking stock of global fisheries. Science, 2024; 385 (6711): 824 DOI: 10.1126/science.adr5487
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