A ciência do tédio: uma nova maneira de medir o estresse

Tempo de leitura: 2 minutos
Por João Silva
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Eletrodos medindo ondas cerebrais com um fundo estressado.

São PauloEstudo revela novo método para medir estresse através da sensação de tédio

Um estudo recente descobriu uma nova maneira de mensurar o estresse observando o nível de tédio das pessoas. Os pesquisadores acreditavam que o tédio, muitas vezes negligenciado em avaliações de estresse, é crucial para compreender como o estresse impacta o corpo e o cérebro. Para testar essa hipótese, eles analisaram diversos sinais corporais durante a realização de tarefas de diferentes níveis de dificuldade.

O estudo se concentrou na medição de:

  • Eletroencefalograma (EEG)
  • Eletrocardiograma (ECG)
  • Atividade elétrica da pele

Utilizando a Teoria da Informação Integrada, foram analisados os sinais para avaliar a eficiência do sistema. Os resultados indicaram que tarefas de dificuldade moderada geraram menos estresse, enquanto tarefas muito fáceis ou muito difíceis resultaram em maior estresse.

A ideia central é que o tédio pode causar estresse. Quando as tarefas são muito fáceis, elas não mantêm o cérebro ocupado, levando ao estresse oriundo do tédio. Por outro lado, tarefas excessivamente difíceis também provocam estresse, pois exigem muita energia mental. Essa ideia contraria a crença comum de que o estresse surge apenas de situações desafiadoras.

Antigamente, o estresse era avaliado observando um único fator, como a pressão arterial ou os níveis de cortisol. Hoje, um conjunto de técnicas como EEG, ECG e condutância da pele oferece uma visão mais abrangente.

Esta pesquisa traz benefícios práticos além do conhecimento acadêmico. Ela pode mudar a forma como trabalhamos e aprendemos, ao aumentar a produtividade. Compreendendo a conexão entre tédio e estresse, é possível melhorar o design das tarefas. Empregadores e professores podem, assim, criar atividades que não sejam nem muito fáceis nem muito difíceis, promovendo um melhor desempenho e bem-estar.

Para os profissionais de saúde mental, reconhecer o tédio como uma causa de estresse pode levar a novos métodos de tratamento. Técnicas como a atenção plena e a terapia cognitivo-comportamental podem ajudar a reduzir o estresse causado pelo tédio.

Este estudo apresenta uma nova abordagem para avaliar o estresse e oferece insights valiosos. Enfatiza a importância de equilibrar demandas cognitivas para reduzir o estresse e melhorar a saúde mental. Redefinir nossa compreensão e mensuração do estresse pode ajudar a criar ambientes mais eficazes e envolventes para todos.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1016/j.isci.2024.110583

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Takayuki Niizato, Yuta Nishiyama, Yuta Oka, Poe Thinzar Aung, Shusaku Nomura. Toward stressor-free stress estimation: The integrated information theory explains the information dynamics of stress. iScience, 2024; 27 (8): 110583 DOI: 10.1016/j.isci.2024.110583
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