Formaldeído atmosférico pode ser origem da vida marciana

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Por João Silva
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Superfície de Marte com estruturas químicas e representação da atmosfera

São PauloCientistas há muito tempo estão intrigados com a possibilidade de vida antiga em Marte. Evidências indicam que o planeta já teve água líquida, vital para a vida. Um estudo recente propõe uma ideia interessante sobre como matéria orgânica pode ter se formado em Marte no passado. Pesquisadores da Universidade de Tohoku, no Japão, utilizaram modelos da atmosfera marciana para demonstrar que o formaldeído, um composto orgânico simples, poderia desempenhar um papel importante nesse processo. A pesquisa contribui para explicar as razões por trás das incomuns proporções de isótopos de carbono encontradas na matéria orgânica marciana, recentemente analisadas pelo rover Curiosity. Resolver esse mistério pode transformar nosso conhecimento sobre a história de Marte.

Curiosity encontrou compostos orgânicos nos sedimentos antigos de Marte com menos carbono-13 do que o esperado. Esta variação nos níveis dos isótopos de carbono causou confusão. Uma nova hipótese propõe diversos fatores que podem influenciar a produção de formaldeído e a posterior formação de matéria orgânica.

  • Variações na pressão atmosférica
  • Refletividade da superfície planetária
  • A proporção de CO (monóxido de carbono) para CO2 (dióxido de carbono)
  • Hidrogênio liberado por atividade vulcânica

Cientistas estão investigando como as reações do formaldeído à luz podem ter utilizado isótopos de carbono mais leves, o que pode explicar os níveis mais baixos observados pelo Curiosity. Esse processo se assemelha à maneira como a luz solar afeta o dióxido de carbono, resultando na formação de moléculas orgânicas complexas. Como o formaldeído pode auxiliar na produção de açúcares, fundamentais para a vida, essa descoberta é especialmente interessante.

As consequências para a pesquisa em Marte e outras áreas são extremamente relevantes.

Os resultados deste estudo são extremamente relevantes. Se o formaldeído contribuiu para a criação de matéria orgânica, os cientistas podem ter que reconsiderar seus métodos de busca por evidências de vida passada. Esta descoberta também levanta a possibilidade de que processos semelhantes possam ocorrer em outros planetas com atmosferas ricas em CO2.

Estudar as condições antigas de Marte pode nos ajudar a compreender o clima da Terra. Por exemplo, a atividade vulcânica em Marte que afeta sua atmosfera poderia nos ensinar sobre efeitos semelhantes na Terra. Isso auxilia os cientistas a fazer previsões mais precisas sobre o clima terrestre.

Missões a Marte: Descobertas podem melhorar ferramentas de exploração

Marte continua sendo um foco para futuras missões espaciais, e essas descobertas podem ajudar no desenvolvimento de melhores ferramentas de exploração. Dispositivos capazes de detectar formaldeído ou substâncias correlatas são essenciais na busca por vida alienígena. À medida que os rovers de Marte continuam a analisar o solo e a atmosfera do planeta, os cientistas seguirão aprimorando suas teorias e compreensão.

O estudo não comprova que houve vida em Marte, mas levanta novas questões para investigar. A presença de formaldeído enriquece a compreensão e o interesse em estudar Marte, mostrando que ainda temos muito a aprender sobre o planeta.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s41598-024-71301-w

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Shungo Koyama, Tatsuya Yoshida, Yoshihiro Furukawa, Naoki Terada, Yuichiro Ueno, Yuki Nakamura, Arihiro Kamada, Takeshi Kuroda, Ann Carine Vandaele. Stable carbon isotope evolution of formaldehyde on early Mars. Scientific Reports, 2024; 14 (1) DOI: 10.1038/s41598-024-71301-w
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