Assassinato celular seletivo: luz desencadeia defesa imunológica e combate células cancerosas

Tempo de leitura: 3 minutos
Por Chi Silva
- em
Feixes de luz direcionando células nocivas ativam a resposta imunológica.

São PauloPesquisadores da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign desenvolveram uma nova técnica para exterminar células específicas utilizando luz. Esse avanço pode auxiliar no tratamento de câncer e doenças inflamatórias ao atingir precisamente células nocivas. O método não só elimina as células, como também desencadeia uma resposta imunológica.

Necroptose: A Morte Celular Inflamatória na Luta Contra Doenças

A necroptose, ou morte celular inflamatória, ajuda o corpo a combater doenças. Contudo, em casos como o câncer, esse processo pode falhar. As células cancerígenas frequentemente bloqueiam sinais inflamatórios, o que as ajuda a sobreviver. Tratamentos tradicionais utilizam substâncias químicas para eliminar essas células, mas esses tratamentos costumam se espalhar pelo corpo, causando efeitos colaterais indesejados.

Os pesquisadores utilizaram uma técnica chamada optogenética para fazer as células responderem à luz. Eles conseguiram isso inserindo um gene sensível à luz proveniente de plantas nas culturas de células intestinais. Posteriormente, ligaram esse gene à RIPK3, uma proteína que controla a morte celular.

Como funciona:

  • Proteínas sensíveis à luz são ativadas pela luz azul.
  • Isso faz com que as proteínas se agrupem.
  • Em seguida, a proteína RIPK3 se oligomeriza, imitando o caminho natural de ativação.

O processo não apenas destrói a célula, mas também desencadeia uma reação imunológica. A célula libera citocinas, que perturbam as células próximas e atraem linfócitos T. Esses glóbulos brancos são essenciais para que o sistema imunológico identifique e combata ameaças.

Algumas células cancerígenas dificultam a entrada dos linfócitos T ou evitam ser reconhecidas como uma ameaça. Ao induzir a morte de certas células por meio de necroptose, nosso objetivo é modificar esse ambiente e auxiliar os linfócitos T a identificar e combater o câncer, explicou Zhang.

Atualmente, o sistema precisa de luz direcionada diretamente aos tecidos, o que limita seu uso em humanos a áreas próximas à pele. Contudo, a equipe planeja testar o sistema em camundongos para entender melhor a morte celular e a resposta imunológica em casos de câncer e outras doenças inflamatórias. Além disso, eles querem explorar como essa plataforma poderia treinar células T para terapias imunológicas.

Compreender o funcionamento da necroptose é crucial, pois ela tem um papel em doenças como desordens neurodegenerativas e a doença inflamatória intestinal. Conhecer a influência da necroptose nessas condições pode resultar em tratamentos mais direcionados e eficazes.

Este trabalho contou com o apoio de diversas instituições, incluindo:

  • Instituto Nacional de Ciências Médicas Gerais
  • Instituto Nacional de Saúde Mental
  • Fundação Nacional de Ciência
  • Centro de Câncer de Illinois

Kai Zhang trabalha no Beckman Institute for Advanced Science and Technology, em Illinois. A pesquisa foi financiada pelo National Institutes of Health com os auxílios R01GM132438 e R01MH124827.

Este novo método pode melhorar significativamente os tratamentos. Ele oferece um cuidado preciso com menos efeitos colaterais comparado aos métodos tradicionais. Isso é crucial para o tratamento de câncer e doenças inflamatórias. Pesquisas contínuas vão revelar mais sobre seu potencial e levar a novos tratamentos.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1016/j.jmb.2024.168628

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Teak-Jung Oh, Vishnu Krishnamurthy, Jeong Won Han, Junyao Zhu, Zayn Beg, Amna Mehfooz, Bryan Gworek, David J. Shapiro, Kai Zhang. Spatiotemporal Control of Inflammatory Lytic Cell Death Through Optogenetic Induction of RIPK3 Oligomerization. Journal of Molecular Biology, 2024; 436 (13): 168628 DOI: 10.1016/j.jmb.2024.168628
Ciência: Últimas notícias
Leia mais:

Compartilhar este artigo

Comentários (0)

Publicar um comentário