Ciberataques russos miram França: Olimpíadas e eleições em risco
São PauloCiberataques russos espalham informações falsas na França sobre os Jogos Olímpicos e as próximas eleições.
Campanhas russas começaram online no início do verão e se tornaram notáveis em outubro de 2023. Mais de 1.000 bots conectados à Rússia divulgaram fotos de Estrelas de Davi pintadas em paredes de Paris. Um relatório da inteligência francesa afirmou que a agência de inteligência russa FSB foi responsável pelas pichações. Eles também vandalizaram um memorial dedicado às pessoas que ajudaram judeus durante o Holocausto.
Informações falsas foram disseminadas nas redes sociais por contas falsas ligadas ao RRN, um site russo de notícias falsas. Especialistas em cibersegurança confirmaram a veracidade dessa conexão. A Rússia nega qualquer envolvimento. Um relatório da inteligência francesa aponta que Sergei Kiriyenko, um alto funcionário do Kremlin, está por trás da operação mais ampla.
Um oficial militar francês declarou que a abordagem é mista. Embora as pichações e vandalismos não estejam diretamente relacionados à guerra na Ucrânia, eles geraram fortes reações dos políticos franceses. O aumento de ataques antissemitas na França fomentou um debate público. A guerra em Gaza também está causando divisões.
Os esforços de desinformação russa não têm grande efeito na França. O principal público-alvo pode, na verdade, ser os próprios russos. O objetivo é convencer a população de que a guerra da Rússia na Ucrânia é na verdade um confronto com o Ocidente, conforme declarado por Putin. Entre os objetivos de longo prazo estão:
- Incentivar a discórdia social
- Enfraquecer a confiança na mídia e nos governos democráticos
- Desestabilizar a OTAN
- Reduzir o apoio ocidental à Ucrânia
- Descredibilizar as Olimpíadas
Muitos atletas russos estão impossibilitados de participar das Olimpíadas. Autoridades francesas estão atentas a postagens online de indignação sobre possíveis conflitos antes dos Jogos.
Em 9 de junho, o partido de extrema-direita Reunião Nacional derrotou o partido de Macron nas eleições para o Parlamento Europeu. Este partido possui fortes vínculos com a Rússia. Marine Le Pen, uma integrante importante, apoia a anexação da Crimeia pela Rússia. Jordan Bardella, que provavelmente se tornará primeiro-ministro, é contra o envio de armas de longo alcance para Kiev.
Desde novembro, um grupo chamado antibot4navalny tem estudado a atividade de bots russos. Eles coletaram mais de 4.400 posts e descobriram que a maioria deles era direcionada a pessoas na França e na Alemanha. Normalmente, encontravam entre 100 e 200 posts por semana, exceto na semana de 5 de maio, quando o número despencou para quase zero. Essa queda ocorreu durante um feriado na Rússia.
Muitos posts compartilham links para o RRN ou fingem ser sites de grandes mídias francesas, utilizando endereços levemente alterados e conteúdo similar. Alguns desses sites falsos estão sediados em Wallis e Futuna, um território francês no Pacífico. Ao serem acessados, redirecionam os usuários para os sites reais para ganhar credibilidade. Outros posts conduzem os usuários a sites originais operados pela campanha, chamados Doppelganger.
A inteligência francesa está observando de perto essas operações, preocupada com o impacto na estabilidade social e na confiança pública. Não se trata apenas de informações falsas, mas também de como isso influencia a opinião pública e a política na França.
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