Da sobrevivência ao estilo: como agulhas com olho mudaram a moda antiga

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Por Chi Silva
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Tecidos coloridos costurados ilustrando a evolução das roupas e a expressão pessoal.

São PauloUma nova teoria sobre a história das roupas foi proposta pelos pesquisadores liderados pelo Dr. Ian Gilligan da Universidade de Sydney. Eles acreditam que a invenção das agulhas com orifício revolucionou o vestuário. Essas agulhas permitiram que as pessoas decorassem suas roupas por motivos sociais e culturais, indo além do mero propósito de proteção.

Dr. Gilligan destaca que as agulhas com olho são uma invenção significativa na história da humanidade. Antes delas, utilizavam-se ferramentas de pedra para preparar peles de animais para se aquecer. Além disso, ossos de animais afiados, conhecidos como sovelas de osso, eram usados para confeccionar roupas ajustadas. As agulhas com olho são uma versão aprimorada das sovelas de osso, com um furo para facilitar a costura.

Agulhas com olho foram feitas na Sibéria há cerca de 40.000 anos. Elas são mais difíceis de fabricar do que alfinetes de osso, demonstrando que as roupas se tornaram mais sofisticadas. Pesquisadores acreditam que essa invenção ajudou com:

  • Confeção de vestuário mais complexo e em camadas
  • Decoração das roupas com miçangas e outros itens ornamentais
  • Costura fina e decorativa

Antes da invenção das agulhas com orifício, as pessoas vestiam roupas principalmente para se manter aquecidas e não as usavam o tempo todo. A criação das agulhas com orifício permitiu que as roupas passassem a ser usadas também para expressar identidade social e cultural. Isso foi especialmente importante em regiões frias, onde as pessoas precisavam estar sempre vestidas para se proteger do frio, tornando impraticável decorar o corpo de outras formas.

Dr. Gilligan e sua equipe explicam que as roupas evoluíram por dois principais motivos: proteger e manter as pessoas confortáveis, além de expressar identidade através do estilo. Isso contribuiu para a formação de sociedades maiores e mais complexas. As pessoas podiam viver em lugares mais frios e ainda assim se manter unidas ao usar roupas e símbolos semelhantes.

Pesquisadores acreditam que o uso regular de roupas ajudou as pessoas a trabalharem juntas em grupos. Estilos semelhantes e símbolos nas vestimentas podem ter contribuído para a formação das primeiras sociedades humanas. A roupa tornou-se importante não apenas para proteção, mas também como meio de unir socialmente as pessoas.

A nova pesquisa do Dr. Gilligan irá explorar os efeitos psicológicos do uso de roupas. Seu objetivo é entender como as vestimentas influenciam nossa autopercepção e interação com o mundo ao nosso redor. Ele destaca que, apesar de muitas vezes ignorarmos isso, o uso de roupas afeta significativamente nossos pensamentos e comportamento social.

O estudo defende que as agulhas de olho foram importantes não apenas para a tecnologia, mas também para a cultura. Elas transformaram a roupa de uma necessidade de sobrevivência para uma forma de expressão pessoal. Essa mudança teve impacto significativo no desenvolvimento humano e na estruturação das sociedades.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1126/sciadv.adp2887

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Ian Gilligan, Francesco d’Errico, Luc Doyon, Wei Wang, Yaroslav V. Kuzmin. Paleolithic eyed needles and the evolution of dress. Science Advances, 2024; 10 (26) DOI: 10.1126/sciadv.adp2887
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