Decifrando indícios: a vida e as mudanças climáticas dos primeiros humanos nas cavernas do sudeste asiático

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Por Ana Silva
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Interior da caverna com ferramentas antigas e camadas de sedimentos.

São PauloArqueólogos da Universidade Flinders descobriram detalhes importantes sobre os primeiros humanos modernos no Sudeste Asiático. Eles analisaram camadas minúsculas de solo do sítio da caverna Tam Pà Ling no nordeste do Laos. Isso permitiu compreender o ambiente da caverna entre 52.000 e 10.000 anos atrás. O local revelou algumas das primeiras evidências de Homo sapiens na região, proporcionando insights sobre a vida antiga e mudanças ambientais.

Principais achados do estudo incluem:

Uso de microestratigrafia para estudar sedimentos de cavernas permite identificar variações climáticas ao longo de milênios. Evidências mostram que fósseis humanos e outros sedimentos foram levados para dentro da caverna por correntes de água. Além disso, foram encontrados vestígios de carvão e cinzas, indicando tanto a utilização de fogo pelos humanos quanto a ocorrência de incêndios florestais.

Pesquisas indicam que o clima da região sofreu diversas alterações ao longo do tempo, variando entre estações chuvosas e secas. Essas mudanças impactaram o modo como os materiais foram depositados na caverna. A água das colinas próximas provavelmente carregou sedimentos soltos, incluindo ossos humanos, para dentro da caverna durante fortes chuvas. A análise desses sedimentos ajuda a elucidar a antiga questão sobre como os primeiros Homo sapiens foram sepultados nas profundezas da caverna.

Encontrar pequenas quantidades de carvão e cinzas no solo é especialmente intrigante. Isso sugere que os primeiros humanos podem ter utilizado fogo dentro de Tam Pà Ling ou próximo à sua entrada. O uso do fogo indicaria que eles eram organizados e capazes de se adaptar, já que o fogo era crucial para aquecimento, preparo de alimentos e afastar animais. Entretanto, o carvão e as cinzas também podem ser resultado de incêndios florestais naturais durante períodos de seca, o que nos ajuda a entender melhor a relação dos primeiros humanos com o ambiente ao seu redor.

Pesquisa revela os climas e paisagens enfrentados por nossos ancestrais e demonstra sua capacidade de adaptação. Os primeiros Homo sapiens conseguiram atravessar as densas florestas e os variados climas do Sudeste Asiático. A utilização da microestratigrafia em pesquisas arqueológicas nos ajuda a compreender melhor os padrões de migração e assentamento humano. Esses achados enfatizam a adaptabilidade e engenhosidade de nossos antepassados em diferentes ambientes. Os pesquisadores continuam a estudar esses antigos sedimentos para conhecer mais sobre a vida humana primitiva nesta região rica em biodiversidade.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1016/j.quascirev.2024.108982

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

V.C. Hernandez, M.W. Morley, A.-M. Bacon, P. Duringer, K.E. Westaway, R. Joannes-Boyau, J.-L. Ponche, C. Zanolli, P. Sichanthongtip, S. Boualaphane, T. Luangkhoth, J.-J. Hublin, F. Demeter. Late Pleistocene–Holocene (52–10 ka) microstratigraphy, fossil taphonomy and depositional environments from Tam Pà Ling cave (northeastern Laos). Quaternary Science Reviews, 2024; 108982 DOI: 10.1016/j.quascirev.2024.108982
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