Células tumorais reprogramadas para eliminar resistência a medicamentos e curar cânceres avançados

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Por Chi Silva
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Células tumorais se autodestruindo sob o microscópio com medicamentos.

São PauloPesquisadores da Penn State descobriram uma nova maneira de aumentar a eficácia do tratamento contra o câncer. Eles desenvolveram um circuito genético que faz com que as células cancerígenas morram e ainda elimina as células próximas que resistem aos medicamentos. Isso pode impedir a resistência ao tratamento antes mesmo de começar.

Aqui está o funcionamento:

  • O circuito genético possui dois interruptores.
  • O primeiro interruptor torna temporariamente as células cancerosas modificadas resistentes a medicamentos.
  • O segundo interruptor ativa uma toxina que faz com que as células se autodestruam.

Justin Pritchard e sua equipe na Penn State testaram seu método em linhagens de células humanas e em camundongos. Eles descobriram que a técnica pode direcionar e eliminar com sucesso as células cancerígenas resistentes a medicamentos. Esta nova abordagem pode revolucionar o tratamento do câncer avançado.

Pritchard explica que as células cancerígenas desenvolvem resistência devido à sua diversidade e rápida mutação. Mesmo com medicamentos eficazes, os tumores ainda conseguem sobreviver. Ele ressalta que o tratamento convencional falha porque novas células resistentes surgem de maneira imprevisível. Os pesquisadores buscaram contornar esse problema provocando mudanças específicas e controláveis nas células cancerígenas.

Scott Leighow, um dos autores principais do estudo e pós-doutorando na Penn State, explicou que é possível controlar a resistência de um tumor alterando as células cancerígenas. Quando o primeiro interruptor no circuito é ativado, as células cancerígenas modificadas resistem ao medicamento, matando as células normais que são sensíveis ao remédio. Assim, as células alteradas dominam. Uma vez que isso acontece, o interruptor é desligado, fazendo com que as células se tornem sensíveis ao medicamento novamente.

O segundo interruptor ativa um gene suicida. Esse gene faz com que as células modificadas produzam uma toxina que destrói tanto elas próprias quanto as células resistentes a medicamentos nas proximidades. Isso elimina as células resistentes no tumor, dificultando o seu crescimento. Essa abordagem atinge as células cancerígenas sem precisar identificar ou esperar por mecanismos específicos de resistência.

A equipe testou seu circuito de dupla chave usando várias bibliotecas genéticas para garantir que ele funcionasse contra diferentes tipos de resistência genética. O circuito foi extremamente eficaz e eliminou grupos de células resistentes a medicamentos. Eles validaram seus resultados com modelos computacionais e experimentos físicos, demonstrando que o circuito é capaz de controlar e destruir células tumorais altamente diversificadas.

Os pesquisadores estão agora se dedicando a encontrar maneiras de entregar este circuito genético de forma segura e específica aos tumores em crescimento, incluindo aqueles que se disseminaram para outras partes do corpo. Outros membros importantes da equipe da Penn State são Marco Archetti, Shun Yao, Ivan Sokirniy, Joshua Reynolds, Zeyu Yang, e Haider Inam, que atualmente está no Broad Institute do MIT e Harvard.

A nova descoberta é promissora, pois pode identificar células cancerígenas precocemente. Ela evita os problemas comuns de resistência a medicamentos e falhas nos tratamentos, oferecendo um método potencialmente eficaz para o tratamento do câncer. O estudo foi publicado na revista Nature Biotechnology e financiado pelo HITS Fund dos Huck Institutes of the Life Sciences, pelo Instituto Nacional do Câncer e pelo Instituto Nacional de Imagem Biomédica e Bioengenharia.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s41587-024-02271-7

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Scott M. Leighow, Joshua A. Reynolds, Ivan Sokirniy, Shun Yao, Zeyu Yang, Haider Inam, Dominik Wodarz, Marco Archetti, Justin R. Pritchard. Programming tumor evolution with selection gene drives to proactively combat drug resistance. Nature Biotechnology, 2024; DOI: 10.1038/s41587-024-02271-7
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