Microrganismos em turfeiras árticas surpreendem ao acelerar mudanças climáticas

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Por Chi Silva
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Paisagem de turfeiras com organismos microscópicos e emissão de carbono.

São PauloPesquisadores estudaram microrganismos no Stordalen Mire, uma área de turfeira no Ártico Sueco, para compreender seu impacto no ciclo do carbono. Descobriram que esses pequenos micróbios conseguem decompor polifenóis, um tipo de composto orgânico. Essa descoberta desafia crenças científicas anteriores sobre o papel desses organismos no meio ambiente.

Pesquisadores acreditavam que os polifenóis eram inativos e armazenavam carbono por longos períodos. Eles também pensavam que os microrganismos precisavam de oxigênio para decompor esses compostos. No entanto, novos estudos revelam que os micróbios possuem outras enzimas que funcionam sem a necessidade de oxigênio. Isso significa que, mesmo em condições de baixo oxigênio, como após inundações causadas por mudanças climáticas, esses microrganismos ainda podem processar polifenóis.

Essa descoberta tem um impacto significativo na nossa compreensão do comportamento do carbono em turfeiras. Principais detalhes incluem:

  • Pesquisas mostram que os microrganismos conseguem metabolizar polifenóis, ao contrário do que se pensava anteriormente.
  • Eles utilizam enzimas alternativas que não precisam de oxigênio para funcionar.
  • Essa habilidade afeta o ciclo do carbono em condições com pouco oxigênio.
  • Novas ferramentas computacionais foram usadas pelos pesquisadores para mapear essas enzimas nos genomas microbianos.
  • Milhares de genomas microbianos de uma turfeira no Ártico revelaram variados caminhos de transformação de polifenóis.

Os turfeiras armazenam grandes quantidades de carbono. Com o aumento da temperatura global, esse carbono fica em risco. As mudanças climáticas podem provocar o derretimento e a inundação dessas áreas, criando ambientes com baixo oxigênio. Nesses locais, microrganismos que conseguem decompor materiais podem liberar mais carbono na atmosfera, acelerando ainda mais as mudanças climáticas.

Cientistas utilizaram dados do Departamento de Energia e da Fundação Nacional de Ciências para estudar o processamento de polifenóis com um novo software. Essa ferramenta permitiu identificar várias enzimas usadas por micróbios. Os resultados revelam importantes atividades bioquímicas no ciclo do carbono, essenciais para prever os efeitos das mudanças climáticas nos ecossistemas do Ártico.

Compreender o funcionamento dos micro-organismos é crucial. Isso ajuda os cientistas a prever mudanças no armazenamento de carbono em turfeiras. Com essas informações, eles podem elaborar estratégias para reduzir o impacto climático. Esta pesquisa demonstra como a expressão gênica microbiana se adapta às mudanças no solo, revelando que esses micro-organismos são mais adaptáveis do que imaginávamos.

O estudo revela a interação dos minúsculos organismos com o carbono no meio ambiente. Ele conclui que a atividade microbiana em áreas de turfa é mais complexa e adaptável do que imaginávamos. Essas novas descobertas aprimoram nossa compreensão sobre o funcionamento desses ecossistemas e os impactos das mudanças climáticas em nosso planeta.

Este estudo utilizou recursos do Joint Genome Institute e do Environmental Molecular Sciences Laboratory, ambos facilitados pelo Departamento de Energia. A pesquisa foi parcialmente financiada pelo Programa de Pesquisa Biológica e Ambiental do Departamento de Energia e pelo Instituto de Integração Biológica da Fundação Nacional de Ciências.

A estabilidade do carbono em áreas de turfa é um tema de grande relevância. Com as mudanças climáticas, o papel dos microrganismos torna-se crucial. Os cientistas agora dispõem de ferramentas mais avançadas para enfrentar esses desafios e prever futuros cenários. Esta pesquisa aprimora significativamente nossa compreensão dos processamentos globais de carbono e das mudanças climáticas.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s41564-024-01691-0

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Bridget B. McGivern, Dylan R. Cronin, Jared B. Ellenbogen, Mikayla A. Borton, Eleanor L. Knutson, Viviana Freire-Zapata, John A. Bouranis, Lukas Bernhardt, Alma I. Hernandez, Rory M. Flynn, Reed Woyda, Alexandra B. Cory, Rachel M. Wilson, Jeffrey P. Chanton, Ben J. Woodcroft, Jessica G. Ernakovich, Malak M. Tfaily, Matthew B. Sullivan, Gene W. Tyson, Virginia I. Rich, Ann E. Hagerman, Kelly C. Wrighton. Microbial polyphenol metabolism is part of the thawing permafrost carbon cycle. Nature Microbiology, 2024; 9 (6): 1454 DOI: 10.1038/s41564-024-01691-0
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