Primeira educação sexual no Paraguai reflete valores religiosos conservadores

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Por Bia Chacu
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Livro com ícone de coração e sem ícones de preservativos.

São PauloParaguai lança seu primeiro currículo nacional de educação sexual

O Paraguai apresentou seu primeiro currículo nacional de educação sexual, aprovado pelo Ministério da Educação, marcando uma mudança significativa. No entanto, a medida está gerando apreensão entre educadores de saúde sexual e feministas. O novo currículo prioriza valores que refletem crenças conservadoras e religiosas, o que atraiu apoio de grupos conservadores, mas preocupa os progressistas.

  • Desconfiança em preservativos.
  • Crença no amor eterno.
  • Rejeição da expressão emocional em meninos.

A cultura do Paraguai é fortemente influenciada por valores judaico-cristãos. Ela destaca a importância da abstinência e do casamento, frequentemente negligenciando o uso de contraceptivos modernos. Essa abordagem não leva em conta evidências científicas que demonstram que preservativos são eficazes na prevenção de infecções sexualmente transmissíveis e gestações não planejadas.

Paraguai possui leis de aborto extremamente rígidas, proibindo o procedimento até mesmo em casos de incesto ou estupro. Essas normas estão entre as mais severas do mundo. Isso impacta o novo currículo escolar, que ensina que a vida deve sempre ser protegida, refletindo as fortes crenças religiosas do país.

Capitol Ministries, uma organização evangélica sem fins lucrativos sediada em Washington, teve uma forte influência na criação do currículo. A participação deles conferiu ao currículo um tom religioso, o que preocupa muitas pessoas, pois pode comprometer a separação entre igreja e estado e afetar a neutralidade do conteúdo educacional.

Críticos afirmam que o currículo é um retrocesso. Ele exclui importantes ensinamentos sobre educação sexual, essenciais para que os jovens entendam mais sobre saúde sexual e relacionamentos. A educação sexual adequada já provou diminuir comportamentos sexuais arriscados, reduzir as taxas de gravidez na adolescência e tornar os jovens mais propensos a pedir consentimento em situações sexuais.

As políticas do Paraguai são bastante distintas das de muitos outros países latino-americanos, que recentemente implementaram grandes mudanças em direitos reprodutivos e igualdade de gênero. Por exemplo, países como Argentina e Uruguai legalizaram o aborto e avançaram nos direitos LGBTQ+. Conservadores paraguaios veem essas mudanças como questões morais problemáticas.

O Partido Colorado tem uma influência significativa no Paraguai e uma longa trajetória de governo rígido. Mesmo após o fim da ditadura, os mesmos líderes políticos continuam moldando as políticas do país. Isso demonstra que as visões tradicionais permanecem fortes no Paraguai atual.

O novo currículo nacional de educação sexual do Paraguai gerou grande polêmica. Conservadores acreditam que ele resguarda valores tradicionais e religiosos, enquanto progressistas defendem que prejudica o avanço na saúde sexual e nos direitos humanos.

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