Hábitos surpreendentes de astronautas na ISS revelados por nova pesquisa de arqueologia espacial

Tempo de leitura: 2 minutos
Por Bia Chacu
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Interior da ISS com objetos espalhados e ferramentas de pesquisa

São PauloPesquisadores da Universidade Chapman, liderados por Justin Walsh, começaram a estudar astronautas na Estação Espacial Internacional (ISS). Eles investigam como os astronautas utilizam o espaço e os objetos de maneiras diferentes das inicialmente planejadas. Este estudo é inspirado nas técnicas que arqueólogos utilizam para analisar as interações humanas com o meio ambiente e os materiais.

Os pesquisadores inovaram em um método arqueológico tradicional conhecido como "teste de pá." Em vez de escavar, astronautas tiraram fotos diárias de determinados locais na ISS durante 60 dias. Essa abordagem permitiu aos pesquisadores compreender melhor o uso das diferentes áreas dentro da estação.

Principais conclusões do estudo incluem:

  • A área próxima aos equipamentos de exercício e à latrina também servia como armazenamento para itens de higiene pessoal, sacos reutilizáveis e um computador raramente utilizado.
  • A área de manutenção dos equipamentos era usada principalmente para armazenamento, com poucas atividades de manutenção acontecendo.
  • Um total de 5.438 ocorrências de artefatos como ferramentas de escrita, notas adesivas e um headset de realidade aumentada foram documentadas.

O estudo utilizou uma ferramenta de análise de imagens de código aberto desenvolvida especificamente para esta pesquisa. Os resultados indicam uma grande discrepância entre a forma como o espaço é planejado para ser usado e como ele realmente é utilizado. Isso não é exclusivo da ISS, mas é particularmente interessante em um ambiente de microgravidade, onde regras e comportamentos comuns são alterados.

Compreender essas diferenças é crucial por vários motivos. Em primeiro lugar, isso ajuda a esclarecer como os astronautas lidam com os desafios de viver no espaço. Eles precisam aproveitar o espaço limitado de maneira inteligente, frequentemente encontrando novas funções para áreas e objetos a fim de atender às suas necessidades.

Esta pesquisa é crucial para futuras missões espaciais. As descobertas podem auxiliar arquitetos e planejadores a projetarem áreas de convivência mais úteis e flexíveis em estações espaciais ou habitats na Lua e em Marte. Ao compreender como os astronautas utilizam os espaços de maneiras inesperadas, os designers podem criar ambientes que melhorem o bem-estar e a eficiência deles.

Este estudo inaugura novas possibilidades para pesquisas detalhadas em arqueologia espacial. Conforme planejamos missões mais longas para Marte e outros destinos, torna-se essencial entender o cotidiano e as interações dos astronautas. Pesquisas futuras poderão analisar como o uso do espaço na ISS pode orientar a criação de áreas habitacionais em outros planetas, garantindo que sejam práticas e atendam às necessidades dos moradores.

Arqueólogos e astronautas estão colaborando para estudar o comportamento humano em ambientes extremos. Isso demonstra que os métodos arqueológicos tradicionais podem ser aplicados de forma eficaz, mesmo em lugares muito incomuns.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0304229

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Justin St. P. Walsh, Shawn Graham, Alice C. Gorman, Chantal Brousseau, Salma Abdullah. Archaeology in space: The Sampling Quadrangle Assemblages Research Experiment (SQuARE) on the International Space Station. Report 1: Squares 03 and 05. PLOS ONE, 2024; 19 (8): e0304229 DOI: 10.1371/journal.pone.0304229
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