Tráfico de cocaína ameaça habitats cruciais de aves migratórias, revela estudo

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Por Bia Chacu
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Habitat de pássaros danificado com evidências de atividade ilegal de drogas.

São PauloO tráfico de cocaína prejudica o meio ambiente e afeta habitats essenciais para muitas aves migratórias. Um estudo recente, realizado por cientistas de quatro universidades e do Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA, destaca esse problema. A pesquisa foi publicada em 12 de junho na revista Nature Sustainability.

Traficantes de drogas se dirigem a áreas remotas de floresta, desmatam para criar pistas de pouso, estradas e pastagens para gado. Essas ações destroem as florestas e prejudicam a fauna local. Um estudo revela que duas terças partes das áreas críticas para aves florestais estão mais ameaçadas devido ao tráfico de cocaína. Esses locais abrigam 67 espécies de aves migratórias que se reproduzem nos Estados Unidos e no Canadá e passam o inverno na América Central.

O estudo revelou que mais da metade da população global de uma em cada cinco espécies migratórias vive em áreas afetadas pelo tráfico. Além disso, 90% dos ameaçados parulinas-de-face-dourada, assim como 70% das mariquitas-asa-dourada e dos vireo-da-filadélfia, passam seus invernos nessas regiões vulneráveis.

Essas regiões tornaram-se mais atraentes para os traficantes após intensas operações policiais, comprovadas pela quantidade de cocaína apreendida. O estudo revela uma ligação surpreendente entre esse problema e a biodiversidade.

Os povos indígenas habitam principalmente as maiores florestas da América Central, conhecidas como as Cinco Grandes Florestas. Atualmente, essas regiões estão sendo mais impactadas pelo tráfico de cocaína.

Um estudo revela que a política de combate às drogas dos EUA na América Central está voltada para a interrupção do suprimento de entorpecentes. As ações das forças de segurança influenciam as rotas do tráfico. No entanto, essa abordagem não tem sido eficaz nos últimos 40 anos. O tráfico de cocaína tornou-se uma rede global, e a América Central se destacou como um ponto crucial para a distribuição da substância mundialmente.

Amanda Rodewald, diretora sênior do Laboratório de Ornitologia de Cornell, afirmou que os esforços para combater o tráfico de drogas resultam em desmatamento. Nicholas Magliocca, professor da Universidade do Alabama, destacou a importância de compreender como os traficantes se adaptam. Os traficantes possuem muito dinheiro e poder, o que torna a situação bastante complexa.

A pesquisa anterior de Magliocca analisou como se dá a utilização da terra e as escolhas que os traficantes de drogas fazem com base nos riscos e lucros. O novo estudo amplia esse trabalho, oferecendo uma visão mais detalhada dos danos causados pelo tráfico de drogas e da eficácia das contramedidas atuais.

Rodewald sugere tomar medidas para apoiar comunidades locais e governos. Essas ações devem se concentrar em:

  • Monitorar e preservar as florestas.
  • Encontrar outras fontes de renda para a população.
  • Esclarecer a posse das terras.

Este estudo revela que problemas sociais não podem ser resolvidos isoladamente. Esses problemas podem resultar em impactos ambientais negativos, prejudicando os esforços de conservação.

O estudo foi realizado por especialistas de diversas instituições: o Cornell Lab of Ornithology, a Universidade do Alabama, a Universidade Estadual de Ohio, a Universidade do Norte do Arizona e o Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA. O financiamento veio do Cornell Lab of Ornithology, da Universidade Cornell e da NASA.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s41893-024-01365-z

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Amanda D. Rodewald, Anna Lello-Smith, Nicholas R. Magliocca, Kendra McSweeney, Matt Strimas-Mackey, Steven E. Sesnie, Erik A. Nielsen. Intersection of narco trafficking, enforcement and bird conservation in the Americas. Nature Sustainability, 2024; DOI: 10.1038/s41893-024-01365-z
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