Medo de aumento de casamentos infantis com nova lei no Iraque

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Por Alex Morales
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Martelo de juiz com brinquedos infantis e certidão de casamento

São PauloParlamentares iraquianos discutem mudanças nas leis de família que podem aumentar o número de casamentos infantis. As propostas dariam aos líderes religiosos mais poder para decidir a idade legal para o casamento, baseando-se em sua interpretação da Lei Sharia, em vez das leis nacionais atuais. Essa iniciativa encontra forte apoio em grupos políticos xiitas poderosos e seus seguidores religiosos, que desejam resistir às influências culturais ocidentais.

Caso as emendas sejam aprovadas, os casos de direito de família passariam dos tribunais civis para os tribunais religiosos. Essa mudança poderia permitir que meninas com apenas 9 anos de idade se casassem, seguindo a escola Jaafari da lei islâmica, apoiada por muitos líderes xiitas.

  • Permitir que os iraquianos resolvam questões de direito familiar em tribunais religiosos
  • Autorizar clérigos a determinar a idade para casamento de acordo com princípios religiosos
  • Possivelmente legalizar o casamento para meninas a partir de 9 anos

A lei de status pessoal do Iraque de 1959 protege os direitos das mulheres e crianças e estabelece a idade legal para casamento em 18 anos. Contudo, permite que meninas a partir de 15 anos se casem com o consentimento dos pais e prova médica de puberdade. Apesar dessa legislação, a aplicação é inconsistente. Alguns juízes aprovam casamentos de meninas ainda mais jovens, possivelmente devido a corrupção ou ao fato de que casamentos informais já aconteceram.

A discussão sobre as emendas continua, e a votação inicial no parlamento foi adiada devido à falta de quórum. Críticos temem que conceder aos clérigos o poder de alterar leis civis possa reverter anos de avanços nos direitos das mulheres. Eles estão preocupados que as emendas possam tornar a vida das jovens mais difícil ao aumentar a pressão para que se casem precocemente.

Parlamentares, incluindo Raed al-Maliki, defendem que ainda haverá proteções estaduais. No entanto, menor fiscalização e maiores pressões culturais podem enfraquecer essas proteções. Conferir mais poder aos tribunais religiosos levanta preocupações sobre a capacidade do estado de proteger os direitos das jovens meninas.

As consequências são graves. Aumento no número de casamentos infantis pode resultar em mais mortes de mães, menos oportunidades para meninas frequentarem a escola, além de problemas duradouros na sociedade. O Iraque poderia enfrentar uma maior disparidade entre homens e mulheres, agravando a desigualdade. Os olhares estão voltados para o parlamento iraquiano para observar como a questão será resolvida e quais medidas serão tomadas para proteger os mais vulneráveis.

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