Fungos transformam restos de alimentos em delícias gourmet: a revolução da Neurospora na culinária

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Por Alex Morales
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Fungos crescendo em resíduos alimentares transformando-se em pratos gourmet.

São PauloO desperdício de alimentos é um grande problema nos Estados Unidos, com quase um terço de toda a produção sendo desperdiçada. Os métodos tradicionais de gestão de resíduos muitas vezes não conseguem lidar com a magnitude e o impacto ambiental dessa questão. Novas soluções são necessárias, e os fungos podem ser uma alternativa promissora.

Vayu Hill-Maini, um chef que se tornou químico, e sua equipe estão usando um fungo comum chamado Neurospora intermedia para transformar restos de comida em refeições de alta qualidade. Este fungo, que vem sendo utilizado na Indonésia há muito tempo, decompõe materiais vegetais complexos em alimentos nutritivos em apenas cerca de 36 horas.

Neurospora pode crescer em diversos materiais, como resíduos de cana-de-açúcar, restos de tomate, cascas de amêndoa, cascas de banana e polpa de aveia proveniente da produção de leite de aveia.

Hill-Maini descobriu que esse fungo é capaz de decompor açúcares complexos em resíduos agrícolas e transformá-los em alimentos deliciosos e nutritivos. Os fungos não apenas melhoram o sabor dos resíduos, mas também aumentam seu valor nutricional, além de adicionar um sabor terroso distinto que muitas pessoas adoram.

Restaurantes como Blue Hill e Alchemist estão experimentando novos pratos com Neurospora. Por exemplo, o Blue Hill oferece um bolinho de grãos com Neurospora laranja que tem gosto de sanduíche de queijo tostado. Essas inovações podem transformar a maneira como percebemos e utilizamos resíduos alimentares na culinária.

Usar Neurospora traz inúmeros benefícios. Essa prática transforma resíduos em alimentos, diminuindo o impacto ambiental e oferecendo uma solução sustentável para a escassez de comida. A fermentação fúngica pode criar sabores variados conforme os ingredientes utilizados, proporcionando mais opções culinárias aos chefs.

O estudo genético de Hill-Maini sobre o fungo Neurospora intermedia revelou que algumas cepas estão adaptadas para viver em resíduos agrícolas. Isso indica a possibilidade de desenvolver cepas fúngicas específicas para decompor diferentes tipos de resíduos, ampliando a gama do que podemos utilizar como alimento.

Neurospora intermedia é uma ferramenta eficaz para reduzir o desperdício de alimentos de maneira sustentável. Ele pode transformar restos de comida em alternativas nutritivas e saborosas. À medida que as pesquisas avançam, os benefícios para a culinária e o meio ambiente irão crescer, impactando positivamente tanto a gastronomia quanto a sustentabilidade.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s41564-024-01799-3

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Vayu Maini Rekdal, José Manuel Villalobos-Escobedo, Nabila Rodriguez-Valeron, Mikel Olaizola Garcia, Diego Prado Vásquez, Alexander Rosales, Pia M. Sörensen, Edward E. K. Baidoo, Ana Calheiros de Carvalho, Robert Riley, Anna Lipzen, Guifen He, Mi Yan, Sajeet Haridas, Christopher Daum, Yuko Yoshinaga, Vivian Ng, Igor V. Grigoriev, Rasmus Munk, Christofora Hanny Wijaya, Lilis Nuraida, Isty Damayanti, Pablo Cruz-Morales, Jay. D. Keasling. Neurospora intermedia from a traditional fermented food enables waste-to-food conversion. Nature Microbiology, 2024; DOI: 10.1038/s41564-024-01799-3
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