Vale R$ 10 mil sua saúde? A moda dos ricos

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Por João Silva
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Máquina de ressonância magnética com sinais de cifrão em um hospital.

São PauloCada vez mais celebridades estão gastando R$10.000 em exames de ressonância magnética para monitorar sua saúde. Isso leva muitas pessoas a se perguntarem se deveriam fazer o mesmo.

A ressonância magnética, conhecida como Imagem por Ressonância Magnética (IRM), utiliza campos magnéticos para criar imagens detalhadas do corpo sem usar radiação. Os médicos frequentemente recorrem à IRM para diagnosticar problemas como câncer, lesões cerebrais e vasos sanguíneos danificados. Um exame de IRM de corpo inteiro pode durar mais de uma hora, e os pacientes precisam permanecer imóveis dentro de um tubo longo.

Grupos médicos recomendam o uso de ressonância magnética de corpo inteiro apenas para pessoas de alto risco, como aquelas com predisposição genética para o câncer. O Dr. Ernest Hawk, do Centro de Câncer MD Anderson da Universidade do Texas, afirma: "As ressonâncias são úteis para seus propósitos habituais, mas utilizá-las em pessoas com risco médio levanta questões que ainda não temos respostas.”

Hoje em dia, pessoas estão pagando por esses exames, pois empresas como a Prenuvo afirmam que suas varreduras podem detectar mais de 500 condições médicas que os médicos poderiam não identificar em um check-up normal. O valor é:

  • R$ 999 para uma tomografia do tronco
  • R$ 1.799 para cabeça e tronco
  • R$ 2.499 para uma tomografia de corpo inteiro

O Dr. Daniel Durand, diretor médico da Prenuvo, afirma que os exames ajudam as pessoas a cuidarem melhor de sua saúde. Os clientes recebem um resumo dos resultados e podem conversar com um enfermeiro ou médico sobre os próximos passos. Embora a Prenuvo não pague por publicidade, às vezes oferece exames gratuitos em troca de avaliações honestas.

Muitos radiologistas afirmam que é improvável encontrar problemas sérios em pessoas sem sintomas. As ressonâncias magnéticas frequentemente detectam crescimentos inofensivos, levando a mais exames, consultas e até cirurgias. Dr. Mina Makary, radiologista do Centro Médico Wexner da Universidade Estadual de Ohio, alerta que isso pode causar mais estresse e aumentar os custos.

Preocupação com Exames de Rotina pode Aumentar

Especialistas estão preocupados que as pessoas possam parar de fazer exames de rotina, como mamografias, caso uma ressonância magnética não aponte problemas. Dr. Hawk alerta que, se um exame não encontrar nada, há o risco de negligenciarem outros check-ups regulares importantes.

O Colégio Americano de Radiologia não indica exames de ressonância magnética para pessoas assintomáticas, pois não há evidências de que isso reduza custos ou aumente a longevidade. Apesar de a FDA não ter autorizado o uso de aparelhos de ressonância magnética para check-ups rotineiros, os médicos ainda podem optar por utilizá-los.

Às vezes, métodos de imagem passam de experimentais a práticas regulares. A Prenuvo acredita que sua abordagem pode seguir esse caminho no futuro. Dr. Durand destaca que, embora levará tempo para reunir evidências, os pacientes podem não querer esperar muitos anos para se beneficiarem.

Estudos de longo prazo são necessários para confirmar se exames de ressonância magnética podem prolongar a vida. A Prenuvo iniciou uma pesquisa para examinar 100.000 pessoas, mas os resultados só estarão disponíveis em 2034 ou mais tarde. A maioria dos participantes precisará pagar R$ 2.200, porém futuros estudos conduzidos por universidades ou pelo governo podem ser mais econômicos.

O Dr. Hawk afirma que participar de estudos de pesquisa pode ajudar a estabelecer a utilidade das triagens por ressonância magnética. Ele acredita que essa prática fora de um estudo não é eficaz.

Gastar R$10.000 em uma ressonância magnética sem apresentar sintomas é um valor alto para a maioria das pessoas. A probabilidade de descobrir algo grave é muito pequena, e isso pode gerar estresse e despesas desnecessárias. Se você está pensando em fazer isso, é melhor participar de um estudo de pesquisa ou conversar detalhadamente com seu médico primeiro.

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