Novo sensor genético para metilação do DNA descoberto: uma revolução na epigenética

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Por Chi Silva
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Visualização ao microscópio de CDCA7 detectando metilação de DNA.

São PauloPesquisadores descobriram um novo sensor para manter a metilação do DNA, mudando nossa compreensão da epigenética. A metilação do DNA envolve a adição de um grupo metil à base citosina no DNA, o que controla a expressão gênica sem alterar a sequência do DNA. Esse processo é crucial para o funcionamento adequado de vários tipos de células, e sua interrupção está associada a doenças como síndrome de imunodeficiência, instabilidade centromérica e anomalias faciais (ICF).

Pesquisadores acreditavam que a proteína UHRF1 era a única capaz de detectar DNA hemimetilado, essencial para a manutenção da metilação do DNA. Entretanto, cientistas da Universidade Rockefeller e do Japão descobriram que o gene CDCA7 também possui essa função. Essa descoberta ajuda a entender como mutações no CDCA7 podem causar doenças como a síndrome ICF e amplia o conhecimento sobre os processos moleculares envolvidos.

Principais descobertas do estudo incluem:

  • CDCA7 detecta hemimetilação em células eucarióticas.
  • CDCA7 orienta a proteína HELLS para o DNA hemimetilado.
  • HELLS remodela os nucleossomos, tornando os locais de hemimetilação acessíveis para UHRF1.

A replicação do DNA é um processo complexo onde a dupla hélice de DNA se divide em fitas simples. À medida que novas fitas complementares são formadas, os grupos metil não são copiados imediatamente, resultando em DNA hemimetilado. A proteína UHRF1 detecta esses locais hemimetilados e convoca a enzima DNMT1 para adicionar marcas de metilação à nova fita. Isso precisa ocorrer antes do próximo ciclo de replicação para manter as marcas epigenéticas.

Descobrir que o CDCA7 detecta hemimetilação especificamente dentro da heterocromatina compactada é significativo. A heterocromatina limita o acesso de muitas enzimas, incluindo aquelas envolvidas na metilação do DNA. O CDCA7 faz parceria com o HELLS, uma proteína que pode desenrolar o DNA dos nucleossomos, ajudando a revelar sites de hemimetilação. Esse processo demonstra que o CDCA7 é mais eficiente ao trabalhar em cromatina densa em comparação com o UHRF1.

A descoberta abre novos caminhos para entender como os genes são controlados e como os cromossomos são organizados. Ela também sugere que os sensores de hemimetilação podem ter funções além de apenas manter a metilação do DNA. A hemimetilação em áreas específicas dos cromossomos pode desempenhar papéis importantes ainda não identificados pelos cientistas. Mais pesquisas podem revelar conexões com várias doenças genéticas e aprimorar nosso conhecimento sobre o controle epigenético.

A pesquisa revela que a regulação epigenética é tanto detalhada quanto complexa. Além disso, destaca o grande avanço realizado na área e abre a possibilidade de futuras descobertas.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1126/sciadv.adp5753

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Isabel E. Wassing, Atsuya Nishiyama, Reia Shikimachi, Qingyuan Jia, Amika Kikuchi, Moeri Hiruta, Keita Sugimura, Xin Hong, Yoshie Chiba, Junhui Peng, Christopher Jenness, Makoto Nakanishi, Li Zhao, Kyohei Arita, Hironori Funabiki. CDCA7 is an evolutionarily conserved hemimethylated DNA sensor in eukaryotes. Science Advances, 2024; 10 (34) DOI: 10.1126/sciadv.adp5753
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