Ferro e psoríase: a chave para novos tratamentos?
São PauloDescobertas recentes apontam para um possível avanço na compreensão da psoríase, uma condição de pele crônica que afeta muitas pessoas. Foi identificada uma ligação entre o hormônio hepcidina, responsável pela regulação do ferro, e a psoríase, o que pode abrir caminho para novos tratamentos. A descoberta indica que indivíduos com psoríase apresentam níveis elevados de hepcidina na pele. Normalmente, esse hormônio é produzido no fígado para controlar os níveis de ferro no organismo.
A psoríase é caracterizada por manchas vermelhas e escamosas na pele. Pesquisadores acreditam que controlar um hormônio chamado hepcidina pode ajudar a aliviar os sintomas e manter a condição sob controle. Algumas áreas podem se beneficiar dessa estratégia.
- Diminuição na proliferação das células da pele
- Redução da inflamação
- Possibilidade de tratamentos personalizados
Cientistas há muito sabem que as células da pele em pessoas com psoríase possuem excesso de ferro, mas não conseguiam entender o motivo. Um novo estudo revela que a hepcidina é a responsável por reter uma quantidade excessiva de ferro, provocando o crescimento exagerado e a inflamação das células da pele. Essa descoberta pode abrir caminho para o desenvolvimento de medicamentos que visem especificamente a hepcidina, oferecendo melhores opções de tratamento. Atualmente, os tratamentos para psoríase focam no sistema imunológico, o que pode não ser eficaz para formas graves como a psoríase pustulosa.
Novos tratamentos para psoríase podem envolver o uso de quelantes de ferro, substâncias que auxiliam na eliminação do excesso de ferro no organismo. Isso pode impedir o crescimento anormal das células da pele característico da psoríase. No entanto, o desenvolvimento e a aprovação de novos medicamentos demandam muito tempo e investimento. É crucial que os pacientes saibam que esses tratamentos não estarão disponíveis imediatamente.
Apontar para a hepcidina pode ajudar a prevenir a psoríase em pessoas com alto risco. Os tratamentos atuais, como os biológicos, podem ser caros e podem perder eficácia ao longo do tempo. Concentrar-se em equilibrar os níveis de ferro pode reduzir os custos de tratamento e oferecer soluções mais duradouras.
Pesquisadores do Skin@Bath e seus parceiros oferecem uma nova perspectiva sobre o manejo da psoríase. Embora mais estudos sejam necessários, a análise dos níveis de ferro e da proteína hepcidina pode melhorar significativamente os métodos de tratamento e prevenção. Esta é uma notícia encorajadora para os afetados pela psoríase e para os profissionais de saúde que os apoiam.
O estudo é publicado aqui:
http://dx.doi.org/10.1038/s41467-024-50993-8e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é
Elise Abboud, Doha Chrayteh, Nadia Boussetta, Héloise Dalle, Mariangela Malerba, Ting-Di Wu, Morgane Le Gall, Olivier Reelfs, Charareh Pourzand, Mark Mellett, Florence Assan, Hervé Bachelez, Joël Poupon, Selim Aractingi, Sophie Vaulont, Pierre Sohier, Bénédicte Oules, Zoubida Karim, Carole Peyssonnaux. Skin hepcidin initiates psoriasiform skin inflammation via Fe-driven hyperproliferation and neutrophil recruitment. Nature Communications, 2024; 15 (1) DOI: 10.1038/s41467-024-50993-8Compartilhar este artigo