Será que nosso intestino detecta patógenos pelo olfato?

Tempo de leitura: 2 minutos
Por Alex Morales
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Ilustração de intestino reagindo a odores de germes nocivos.

São PauloPesquisadores da Universidade da Califórnia, em Berkeley, descobriram que o verme C. elegans consegue detectar odores de bactérias nocivas e preparar seu intestino para se defender contra infecções. Liderado pelo professor Andrew Dillin, o estudo revelou que, ao sentir o cheiro de bactérias perigosas, o C. elegans inicia uma resposta de defesa em suas células intestinais.

Principais Pontos:

  • C. elegans reage aos odores de patógenos preparando seu intestino.
  • A resposta envolve a destruição de mitocôndrias para proteger o ferro.
  • Isso pode sugerir um mecanismo semelhante em mamíferos, incluindo humanos.

O intestino é um alvo principal para bactérias nocivas. Entender como os organismos protegem seus intestinos pode ajudar a desenvolver novos tratamentos. No C. elegans, o método de proteção envolve a quebra das mitocôndrias. Essas estruturas geralmente fornecem energia para as células, mas também contêm ferro que as bactérias podem roubar. Ao decompor as mitocôndrias, o C. elegans impede que as bactérias obtenham esse elemento vital.

Essa descoberta nos leva a questionar se os mamíferos possuem sistemas de proteção semelhantes. Caso positivo, essa pesquisa pode abrir portas para novos tratamentos médicos. Por exemplo, cheirar certos aromas pode preparar o intestino para se defender contra infecções antes que elas ocorram.

Pesquisas no laboratório de Dillin investigaram como o olfato afeta o metabolismo. Em um dos estudos, ratos que não podiam cheirar ganharam menos peso, mesmo consumindo a mesma quantidade de alimento que os ratos normais. Isso sugere que o cheiro da comida pode preparar o intestino para a digestão.

Dillin sugere que a habilidade das mitocôndrias de detectar odores de patógenos pode ser resultado da evolução. Quando as mitocôndrias eram bactérias independentes antes de se unirem às células eucarióticas, poderiam precisar dessa capacidade para perceber perigos ao redor. Esse traço pode ter sido preservado para ajudar as células a detectar e reagir a ameaças ambientais.

Pesquisadores que estudam o C. elegans descobriram que o cheiro de bactérias nocivas desencadeia uma resposta nos vermes que se espalha por todo o corpo. Quando os cientistas removeram certos neurônios relacionados ao olfato, eles perceberam que as reações de estresse comuns a ameaças mitocondriais eram controladas por esses neurônios. Eles também descobriram que a serotonina desempenha um papel crucial na transmissão dessa informação.

Os pesquisadores estão avaliando se os camundongos apresentam as mesmas respostas. Caso positivo, isso serviria como uma prova robusta de que os mamíferos, incluindo os humanos, possuem o mesmo mecanismo. Isso poderia levar a novas formas de fortalecer nossos sistemas imunológicos através de estímulos sensoriais como o olfato.

A pesquisa revela uma ligação entre o olfato e a resposta imunológica em C. elegans, sugerindo que mamíferos, incluindo os humanos, possam ter defesas similares. Essa descoberta pode auxiliar no desenvolvimento de novas formas de prevenir doenças e aprofundar nosso entendimento sobre como nosso corpo se prepara para combater infecções.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1126/sciadv.adn0014

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Julian G. Dishart, Corinne L. Pender, Koning Shen, Hanlin Zhang, Megan Ly, Madison B. Webb, Andrew Dillin. Olfaction regulates peripheral mitophagy and mitochondrial function. Science Advances, 2024; 10 (25) DOI: 10.1126/sciadv.adn0014
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