Novo estudo: fontes termais de Yellowstone abrigam microrganismos inéditos que produzem metano

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Por Ana Silva
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Fonte termal de Yellowstone com água borbulhante e vapor.

São PauloUma equipe da Montana State University descobriu novos tipos de micróbios produtores de metano no Parque Nacional de Yellowstone. Esta descoberta pode ajudar no combate às mudanças climáticas e fornecer pistas sobre a vida em outros planetas. Roland Hatzenpichler e sua equipe publicaram esses achados na revista Nature.

Os cientistas analisaram duas variantes de microrganismos.

  • Methanomethylicia
  • Methanodesulfokora

Esses microrganismos fazem parte do grupo Thermoproteota, distinto do grupo Euryarchaeota. Eles se destacam por serem capazes de gerar metano em várias condições ambientais.

Metanogênicos são organismos que consomem dióxido de carbono ou metanol e geram metano. Por outro lado, os seres humanos consomem alimentos e produzem dióxido de carbono. O metano retém calor na atmosfera de maneira muito mais eficiente que o dióxido de carbono—28 vezes mais, conforme a Agência de Proteção Ambiental dos EUA. Os metanogênicos são responsáveis por 70% das emissões de metano no mundo.

A equipe de Hatzenpichler coletou amostras de fontes termais em Yellowstone, onde a temperatura variava entre 60 e 72 graus Celsius. No laboratório, esses micróbios prosperaram e produziram metano.

Este estudo é pioneiro ao demonstrar que esses microrganismos existem e são capazes de produzir metano. Anteriormente, as informações disponíveis apresentavam apenas as sequências de DNA dessas espécies. Esta pesquisa foi resultado de anos de esforço cuidadoso e colaboração internacional.

Lei Cheng do Instituto de Biogás da China e Diana Sousa da Universidade de Wageningen cultivaram um novo tipo de metanógeno. Eles dedicaram seis anos a essa pesquisa e publicaram seus resultados junto com a equipe de Hatzenpichler.

Methanomethylicia e Methanodesulfokora são dois microrganismos que vivem em habitats diferentes. Methanodesulfokora são encontrados principalmente em fontes termais e chaminés hidrotermais do fundo do mar, enquanto Methanomethylicia são mais comuns e podem ser encontrados em estações de tratamento de esgoto, tratos digestivos de ruminantes e áreas úmidas.

Methanomethylicia pode crescer em diversos ambientes. Não temos certeza se eles sempre utilizam a metanogênese para se desenvolver ou se possuem outros métodos. Hatzenpichler acredita que esses micróbios podem alternar entre métodos de acordo com suas condições ambientais.

A maioria dos metanogênicos Euryarchaeota utilizam dióxido de carbono ou acetato para produzir metano. Contudo, Methanomethylicia e Methanodesulfokora utilizam metanol para o mesmo processo. Essa descoberta pode ajudar cientistas a reduzir as emissões de metano ao alterar as condições ambientais.

O laboratório de Hatzenpichler irá colaborar com a Fazenda de Pesquisa e Ensino Agrícola de Bozeman na MSU, coletando amostras para estudar microrganismos produtores de metano em gado. Além disso, novos estudantes de pós-graduação investigarão a produção de metano em águas residuais, solos e áreas úmidas.

Cientistas descobriram recentemente algo interessante sobre a estrutura celular da Methanomethylicia. Essas células formam tubos que conectam duas ou três células, o que é incomum entre micróbios. Ainda não se sabe ao certo para que servem esses tubos, mas eles podem ser usados para trocar DNA ou substâncias químicas.

A NASA financiou este estudo através de seu programa de exobiologia. Os metanogênicos podem oferecer insights sobre a vida na Terra primitiva e sobre a possibilidade de vida em outros planetas e luas que possuem metano.

Esses resultados indicam novas formas de investigar e potencialmente reduzir as emissões de metano, que impactam nas mudanças climáticas.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s41586-024-07631-6

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Anthony J. Kohtz, Nikolai Petrosian, Viola Krukenberg, Zackary J. Jay, Martin Pilhofer, Roland Hatzenpichler. Cultivation and visualization of a methanogen of the phylum Thermoproteota. Nature, 2024; DOI: 10.1038/s41586-024-07631-6
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