Judeus no Daguestão reagem com força após ataques extremistas

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Por Bia Chacu
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Sinagoga na montanha em meio a paisagem acidentada e sinais de reconstrução.

São PauloJudeus do Daguestão Se Reerguem Após Atentados Extremistas

Os judeus no Daguestão, uma região majoritariamente muçulmana no sul da Rússia, estão dedicados à reconstrução após recentes ataques extremistas. No último fim de semana, militantes islâmicos atacaram locais de culto cristãos e judeus em Makhachkala e Derbent. Os ataques resultaram em 21 mortos e 43 feridos, afetando principalmente policiais. Uma sinagoga centenária em Derbent foi destruída pelo fogo, e um padre ortodoxo russo, Reverendo Nikolai Kotelnikov, também foi morto em Derbent.

Rabino Berel Lazar ressaltou a determinação da comunidade. Ele afirmou que não se esconderão nem terão medo. Vão continuar a praticar sua religião abertamente. Espera que o governo ofereça proteção. Eles planejam reconstruir e se tornar mais fortes.

Em julho de 2013, Ovadia Isakov, líder da sinagoga de Derbent, foi alvo de um ataque antissemita. Ele se recuperou e atualmente divide seu tempo entre Moscou e Derbent.

Recentemente, um tumulto ocorreu no aeroporto de Makhachkala após a chegada de um voo vindo de Tel Aviv, ligado ao conflito Israel-Hamas. Mais de 20 pessoas ficaram feridas quando a multidão, portando cartazes antissemitas, atacou passageiros e policiais.

A sinagoga de Derbent funcionava como um centro comunitário. Varvara Redmond, estudante de doutorado, explicou que a instituição assumia muitas das funções do rabino. Era crucial para atividades comunitárias como a compra de carne kosher, funerais, casamentos e circuncisões.

O grande mosaico cultural de Dagestão

Dagestão possui uma população de 3 milhões de pessoas e é extremamente diversa. Com mais de 40 tribos, cada uma com sua própria língua e tradições, destaca-se o grupo Juhuro, conhecido como Judeus das Montanhas. Eles valorizam muito sua identidade única e não se consideram parte da comunidade judaica mais ampla.

Aspectos importantes da cultura judaica daguestani:

  • Eles preferem ser enterrados no Daguestão, em vez de Israel.
  • O idioma deles é o Juhuri, um dialeto persa.
  • Possuem tradições culinárias únicas para as festas judaicas.

A família de Valeriya Nakshun fugiu do Daguestão durante as guerras chechenas. Atualmente, eles vivem nos Estados Unidos, mas alguns parentes ainda estão no Daguestão. Sua avó e outros membros da família ainda estão lidando com o recente ataque. Eles são gratos por estarem a salvo, mesmo com a sinagoga destruída.

Boris Nakshun, pai de Valeriya, cresceu no Daguestão quando ainda fazia parte da União Soviética. As práticas religiosas eram discretas, mas judeus, muçulmanos e cristãos conviviam harmoniosamente.

Judeus do Daguestão preservam tradições únicas para festas judaicas. No Passover, preparam um prato de arroz com frutas secas e uma crosta espessa. No Yom Kippur, acendem velas em bandejas diferentes para homenagear os vivos e os mortos.

Os judeus da região falam Juhuri, um idioma semelhante ao dialeto Tat do persa. O linguista Ronald Shabtaev afirma que o Juhuri incorpora palavras do hebraico e aramaico. Essa língua contribui para manter viva a cultura judaica e a identidade dos Judeus das Montanhas. No entanto, menos de 200 mil pessoas ao redor do mundo falam essa linguagem em perigo de extinção.

A família de Valeriya Nakshun, incluindo seu pai e sua avó de 96 anos, fala Juhuri. Eles estão entre as poucas pessoas que ainda conhecem a língua.

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